quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

 

Maria Tereza Rodrigues da Silva: nosso colibri da saudade no Céu.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


Quando uma pessoa parte em viagem, por natureza, ficamos apreensivos. Preocupa-nos o fato de vê-la arrumando as malas, tomando um táxi e dirigindo-se à rodoviária ou aeroporto. Nosso comportamento e desejo nesta hora é o de acompanhar o amigo ou parente, manifestando nossos sentimentos e votos de uma boa viagem. E que o percurso seja realizado em segurança, célere e agradável até a chegada no seu destino.

Ao deixarmos o local do embarque, após a despedida, retornamos para casa com uma sensação de vazio e aperto no peito, já com uma pontinha de saudade. Nos conforta, entretanto, saber que logo aquela pessoa estará de volta no nosso convívio, quando a vida retornará o seu curso normal e a teremos novamente ao nosso lado.

Há uma viagem, porém, que não garante esse retorno e nem trás essa felicidade. É quando percebemos que, aquele que parte, leva quase nada na bagagem, somente lembranças, deixando para trás somente as boas ações que com ele dividimos: alegrias vividas, gentilezas repartidas, o calor dos abraços, sorrisos e os olhares de ternura e respeito nutridos.

Quando o viajante se une a nós pelos laços de sangue e o amor maternal, aí então o coração explode. O tempo e o local da partida só reservam dor e lágrimas. E nos jogamos nos braços das recordações na ânsia de retê-lo um pouco mais entre nós.

Ah! Que vontade de voltar no tempo e recuperar no baú do passado cada detalhe daquele rosto de mãe que já não se encontra entre nós.

Dona Maria Tereza Rodrigues da Silva empreendeu hoje a derradeira viagem para outras paragens deixando para trás seus rebentos, familiares e amigos que nesta hora abrem o relógio da saudade para lembrar o quanto ela foi importante. E por isso seus corações choram.

Com dona Maria Tereza não seria diferente. Agora são as lembranças de sua passagem entre os seus que confortam aqueles que lhe acenam na despedida.

Não obstante, além do trabalho e dedicação à família, causa orgulho lembrar e festejar o quanto ela construiu na sua vida profissional e contribuiu no social desta comunidade de onde era dileta filha de tradicionais moradores do lugar.

Corria o ano de 1989 e lá encontramos a jovem servidora da Escola Estadual Adilson Alves da Silva representando o setor administrativo do então chamado Ginásio, participando da fusão do Magistério com o Administrativo, nos prolegômenos da ABRAP – Associação Brasilandense de Professores, que se transformava na época em Sindicato (SIMTED).

Ao lado dos professores José Arnaldo, Lúcia Lima, Regina Célia e Francisco Lins, lá encontramos dona Maria Tereza, representante do Administrativo da Escola participando da Comissão responsável pela alteração estatuária do novo Sindicato.

Três anos depois, dona Maria Tereza participava no Conselho Fiscal da entidade CODECOMB – Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Brasilândia, ao lado de Carlito Dutra, João Pedro Gordin, Luci Mara de Souza, Luiz Carlos Passianoto, João de Abreu Lima, entre outros.

Maria Tereza também participou em 1993 da eleição do Colegiado da Escola, numa clara e desprendida demonstração de seu engajamento nos rumos desta comunidade. Entre 2005 e 2007 ainda participou ativamente no Conselho Fiscal da AVCC – Associação de Voluntários de Combate ao Câncer, no tempo das presidentes Silvia Neura e Darsiza Santos.

Proprietária, desde 1994, da Panificadora e Confeitaria Fenix, por muitos anos, sem publicidade, forneceu graciosamente pãezinhos para a Pastoral da Criança, nos lembra a coordenadora Carmem Galiani. Depois de uma vida dedicada ao trabalho e ao comércio, aposentou-se, e mal começou a desfrutar o lazer, eis que hoje, ela, que nasceu no dia 19 de outubro de 1949, a jovem Maria Tereza, aos 74 anos de vida, teve de atender ao chamado do Céu para, agora sim, descansar nas verdes pastagens especialmente para ela preparadas.  

O tempo passa, os dias se vão e lá está o colibri firme e forte rufando suas asas, tal qual um anjo, no Céu. Por vezes rebelde, mas sempre espirituoso. E cá ficam os filhos, parentes e amigos cheios de saudade, revisitando o baú de guardados e fotografias antigas em busca de lembranças e sentimentos de gratidão que se encontram escondidos no átrio de seus corações que acenam... para ela, em despedida.

Descanse em paz, dona Maria Tereza Rodrigues da Silva, um colibri da saudade no céu.


Brasilândia/MS, 03 de janeiro de 2024.

Imagens: (6) Facebook




 

2 comentários:

  1. Descanse em paz..... minha eterna amiga......

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  2. Linda homenagem... Parabéns meu filósofo favorito! 👏👏👏

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