AMATA: o bem comum e uma viagem no tempo.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
A propósito do Decreto Municipal nº 5341/20, de 18 de novembro de 2020 que incorporou as áreas dos lotes 02, 03 e 04 da Quadra C, do Conjunto Habitacional Tomaz de Almeida em razão de que teriam sido doadas ao município de Brasilândia pela AGEHAB, de Mato Grosso do Sul, não sem preocupação, uma onda de nostalgia e saudade toma conta do peito do antigo morador daquele bairro.
E para aqueles mais novos, desavisados da história
uma viagem de retorno ao passado faz bem, não somente à memória que aviva os
sentidos e sentimentos de pertença àquele bairro, como também confere legitimidade
e senso de direito adquirido àqueles que por lá pisaram por vez primeira.
No caso do antigo bairro COHAB, seu nascimento
deve-se sobretudo ao surgimento da Associação de Moradores e Amigos que ali
floresceu e que conferiu à memória do antigo farmacêutico de Brasilândia Sr. Thomaz de Almeida, a honra de receber
o seu nome, o que também foi conferido mais tarde ao bairro com o nome do benfeitor da cidade.
Nas matrículas citadas no referido decreto consta que
elas passam a integrar o patrimônio do município. Numa delas, salvo engano, se
encontra edificada o prédio da AMATA, Associação de Moradores e Amigos Thomaz
de Almeida, de personalidade jurídica e de fins não econômicos, que em tempo
passado edificou ali, com recursos próprios, o seu Centro Comunitário.
Lembremo-nos que na
época da construção deste Centro Comunitário, cujos recursos foram adquiridos graças
ao apoio da entidade Catholic Organization for Joint Financing of Developement
- CEBEMO, da Holanda, em parceria com o Centro de Estatística Religiosa e
Investigação Social-CERIS, a AGEHAB havia autorizado a construção do prédio no
local.
Aliás, na planta
inicial do Núcleo Habitacional que recebeu primeiramente o nome de Tia Neuza, a
destinação destes três lotes, desde então já estavam definidos: um para a Associação
de Moradores que em 1989 foi fundada com o objetivo de construir ali o seu Centro Comunitário;
e os outros dois, à cargo da Prefeitura, para instalar o parquinho infantil e o
campo de futebol society.
Tanto é verdade que engenheiro
e arquiteto da AGEHAB, na época, encaminharam à AMATA, o projeto técnico da
obra planejada para ser construída no local. Esta documentação encontrava-se
com a diretoria na época, porém com o tempo, deve ter se extraviado, como tantos outros documentos da associação. Com este pensamento o prédio começou a ser erguido em 1992.
É esta onda de
nostalgia e saudosa lembrança que nos envolve neste momento. Oportunidade que convido a
todos a fazer uma pequena viagem visual, através de fotografias da época, para
reviver um tempo onde a vida parecia mais leve, livre e solta. Numa época em que
a felicidade de um bairro se media pela forma que seus moradores se relacionavam e defendiam o bem
comum.
E foi isso que
aconteceu. Muito cedo, num dia chuvoso e lá estava o caminhão desembarcando
enormes colunas e vigas pré-moldadas de concreto e tijolos para a construção do
Centro Comunitário da AMATA.
Mesmo com chuva a empresa de Panorama/SP atravessou a primeira balsa e não deu trégua ao guindaste que fixava ao solo uma a uma as colunas com força descomunal. Aos poucos a comunidade ia vendo acontecer o milagre da força de uma associação pioneira num projeto de grandeza de dar inveja a administração pública da época. Para a alegria do presidente da AMATA, Carlos Alberto do Amaral e sua equipe, o barracão ia tomando forma a olhos vistos.
A prefeitura local, na primeira administração Neuza Paulino Maia foi chamada a colaborar com 15 caminhões de aterro, o que logo foi assumido pelos moradores: Joaquim Polícia, Abadio Ferreira e Vilson Júnior, o Freitas, o Manoel Dário, ao lado de crianças, todos empenhados de mão na enxada e pés no chão.
Brasilândia/MS, 5 de junho de 2021.
Mais informações sobre a história da AMATA confira o Volume 2 - Patrimônio, da coleção História e Memória de Brasilândia/MS, que será publicado brevemente.
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