segunda-feira, 14 de junho de 2021

 

Rhiana Talayeh: quando podemos ser e fazer o melhor em defesa da Vida.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

 



A proposta já povoou o pensamento de muitos: adotar um animal, criar um grupo de apoio aos animais de rua, socorrer os que são desprezados e mal tratados... Mas tudo ficou apenas na intenção. Todos cheios de boa vontade, porém impotentes diante dos desafios de tocar em frente uma proposta de tamanha envergadura.

E foi assim que num dia desses aquela menina aprendiz de militância resolveu romper com o círculo cômodo dos indignados. Assumiu para si o desejo de ir além da mera boa vontade. Ao lado de uma amiga arregaçaram as mangas e assumiram a responsabilidade de criar, mais que uma entidade, uma ideia, um movimento denominado SOS-PET Resgatando Vidas.

Por sua cabeça juvenil, pensou ela, reunir um grupo de estudantes voluntários do município onde reside, Brasilândia/MS, que se associariam em torno de uma ação por demais grandiosa: a causa da defesa da saúde, integridade e direitos dos animais, recolhendo os errantes, sobretudo cães e gatos, garantindo-lhes abrigo, proteção e dando-lhes uma morada digna e humanitária.

Tratava-se da jovem Rhiana Talayeh e sua colega Isabela Brum que, aos poucos, foram demonstrando a outros jovens ser possível aderir ao projeto. Cheias de esperança carregando na algibeira somente a vontade de lutar, lançaram seu grito de apelo pelas redes sociais, divulgando a proposta, angariando simpatia da comunidade e alguns poucos aliados.

O desafio maior, sem dúvida, era sensibilizar empresários e autoridades sobre a importância da iniciativa para a cidade. Todos sabem das dificuldades daqueles que se propõem a levar adiante um projeto social, sobretudo quando ele não é lucrativo o suficiente para angariar parceiros que buscam tão somente o lucro e a visibilidade de seus produtos.

Mas as meninas não se deixaram abater. A meta inicial era angariar recursos logísticos, profissionais e financeiros que permitisse ao grupo implantar um abrigo para cães e gatos, proporcionando-lhes acolhimento, tratamento e posteriormente doação às famílias e/ou instituições que se interessassem em recebê-los.

Uma vez conseguido espaço físico para sua instalação e aparelhamento, previam as meninas, iniciar, através do trabalho voluntário e de parceria com profissionais da área, oferecer também serviços de castração, atendimento às denúncias de maus tratos, pedido de socorro, encaminhamento para doações entre outras ações de cunho humanitário.

O sonho de Rhiana tinha razão de ser. Afinal, o município de Brasilândia não dispunha de qualquer tipo de serviço de acolhimento e cuidado dos animais, e tampouco era dotado de entidade não governamental destinada a essa finalidade. Seu projeto, portanto lhe enchia de esperança e tinha tudo para dar certo.

Mas aí veio a pandemia, o isolamento social, o encarecimento do custo de vida para todos, e os sonhos foram sendo experimentados em doses homeopáticas, a passos miúdos, porém, sem fazê-las desanimar.

E elas não pararam nunca. O vídeo de Rhiana postado no Youtube levou sua mensagem para diversos pontos do Estado e do País. A proposta de oferecer aos animais de rua abandonados - que enfrentavam chuva, sol, fome, sede, doença e o frio -, uma vida nova, um novo recomeço, através de um lar, através de uma adoção, começou a sensibilizar outros corações.

Muito aplaudida e elogiada sua proposta, a iniciativa postada também em outras mídias sociais foi ao encontro e ao desejo de muitos cidadãos que concordavam com a iniciativa e alguns até se dispuseram a ajudar no projeto com a doação de alimentos, medicamentos e mão de obra voluntária oferecendo-se em buscar interessados na adoção destes animais.

Isso fez com que o SOS-PET Resgatando Vidas não desanimasse, mesmo em tempo de pandemia. Suas postagens no Facebook são a prova disso. Em linguagem simples e direta, tocava o coração das pessoas. Impossível não se sensibilizar com tamanho envolvimento de carinho, respeito e dedicação demonstrado em favor desta causa esquecida por muitos.

Olá pessoal. Dirigia-se ela em sua rede social: Vim aqui fazer um apelo. Estamos com sete gatos resgatados no bueiro; seis gatos do cemitério e dois gatos do lixão. Por favor, é preocupante essa situação. Não temos lugar onde deixá-los. Ajude-nos adotando e/ou compartilhando [essa mensagem]. É o apelo de uma pessoa que ama os animais e que não pode deixá-los nessa situação. @sospet.brasilandia.

Em outra postagem ela fala da motivação que a conduz a esse trabalho: Oi pessoal. Viemos aqui hoje para dar o relato de um resgate. Uma mulher estava pedalando e encontrou esse cachorro neste estado. Comoveu-se e acabou recolhendo ele e levando-o para sua residência, e avisou uma voluntária de nosso projeto

[Recolhido o animal], levamos ao veterinário e o cão foi diagnosticado com Cinomose. A mulher que pegou o animal, acabou ficando com ele para fazer o tratamento. Nosso projeto irá arcar com os remédios e ela irá tratá-lo. Pedimos energias positivas para que ele saia dessa e fique bem em seu novo lar.

Entre coraçõezinhos, mãos postas e expressões de alegria, lá vai aquela menina falando do sentimento e gestos de carinho que poderiam ser ofertados aos melhores amigos da família.  Num momento de dor, ela recorda. Hoje venho aqui escrever essas palavras para me despedir de um grande amor, aquela que chegou à minha vida para me alegrar, me fazer feliz, e todos os dias que esteve comigo só me fez bem

E brinca. Nesse momento fico me perguntando quem é que vai sujar minha roupa nova quando eu sair, ou quem vai pular no meu colo quando eu chegar; quem é que vai aterrorizar as galinhas, e a Pantera que não terá mais com quem se preocupar com você pulando em cima da gordinha (...). Sorri com tristeza.

São vidas, histórias e conquistas que fazem parte do ser interior de quem se dedica a essa causa: cuidar de animais. Inexplicável para quem está do lado de fora, distante; mas fundamental para quem está perto e sente a dor de quem está ao lado, sobretudo por aquelas quatro patas que nos causam tanta alegria.

O projeto de Rhiana e suas colaboradoras (1) exala um perfume de juventude que contagia. Sorri para a vida e as flores do amanhã, mas também abre caminhos de colhida para aqueles que choram pelo abandono dos animais que ama. Os passos de Rhiana persistem, estudando, vislumbrando se comprometendo com o mundo justo que sonhamos.

E lá está ela, e onde for preciso, para socorrer e fazer sofrer menos. Assim como também cá está, para a alegria e orgulho dos pais, Huda e Antônio, para dar exemplo e mostrar ao mundo que podemos ser e fazer melhor em favor dos pets que mais precisam. Parabéns Rhiana Asia Talayeh Pereira, um exemplo a ser seguido.

Brasilândia/MS, 14 de junho de 2021.

Fazem parte do grupo de voluntários: Rhiana Talayeh; Bianca; Iasmim Batista; Olivia Martos; Isabela Brum; Kleber Souza; Ludmila Kemilly; Laura Leimann; Karen Vitória; Erik Santana; Gabrielly Lima; Luana Siqueira; Maria Clara; Michelli Ivanchuk; Vida Maria; Kayllany Lethicia; Gabriely Costa; Micaelly Souza; Thaissa Mendes; Sarah Alencar; Laura Helena; Samuel Lima; Thiago Silva; Geovanna Vitorya; Maria Isabel; Maria Eduarda; César, entre outros colaboradores.




















Fonte: 

https://www.facebook.com/rhianaasia.talayehpereira

https://www.youtube.com/watch?v=XzHtoF4Fu-c

 



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