Antenor
Fonseca: história e memória de um
fundador.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Os
antigos quando partem sempre deixam marcas, deixam lembranças, mesmo que
severas, porém não menos dignas de despertar em nós, saudade. Seja pelos laços
de sangue existentes, seja pelos laços da amizade que despertou em nós e nutriu.
A história deste senhor, pelo que fez e representou para o surgimento desta vila
que se tornou cidade, merece, sem dúvida, o reconhecimento e as honrarias da
história.
Antenor Fonseca nasceu no dia
2 de maio de 1912 e faleceu no dia 5 de agosto de 1998, aos 86 anos de idade.
Era natural da antiga Xavantina, hoje
Santa Rita do Pardo, extinto distrito de Três Lagoas. Ele casou com a senhora Rosa Nicácio Fonseca, nascida em 16 de
setembro de 1922, em Terenos, comarca de Campo Grande, no dia 23 de setembro de
1938. Ele com 26 anos e ela com 16 anos.
O casamento deu-se perante o
juiz José Carlos de Souza, no Distrito de Paz de Garcias, no então município e
comarca de Três Lagoas. Ele, filho de Israel Augusto da Fonseca e Maria Cândida
da Fonseca, e ela filha de José Nicácio e Antônia Inocência.
O casal constituiu os seguintes
filhos: José Jurandir, Tarcisio, Rosa
Aparecida e os saudosos Valdir,
Aparecido e Eunice. Sobre a história deste esteio de fundação do município, a jornalista Patrícia Acunha conta
que Antenor Fonseca parou em nossa cidade por acaso.
Talvez, se não fosse o emprego
que ele arranjara com o então pecuarista e fazendeiro Arthur Höffig,
Brasilândia teria sido fundada por outras pessoas, observa a jovem escritora.
Embora tenha nascido em Xavantina, o menino xavantinense cresceu mesmo foi em
Arapuá, sendo lá que conheceu Rosa
Nicácio, com quem se casou.
O jovem virou homem e junto com
sua esposa resolveram morar nas terras até então desconhecidas por muitos, no
final da década de 1950. Seus familiares contam que Antenor foi um dos primeiros a chegar ao local, portanto fundador
do povoado. Boa parte de sua vida foi vivida nas fazendas, sendo que em
muitas delas trabalhou como administrador.
A fazenda Boa Esperança foi a mais importante delas. Sempre trabalhou no que
mais gostava: no ramo da pecuária. A família lembra que ele era uma pessoa bastante reservada e também
muito sistemática, pois nunca mudava de ideia por nada. Se para ele pau era
pedra, então tinha que ser, de fato, pedra.
Na década de 1990, já
aposentado, mudou-se para o centro da cidade de Brasilândia fixando sua residência
próxima a Escola Estadual Adilson Alves da Silva. Uma pessoa que até antes era destemida, respeitada por todos, no final
de sua vida já tinha sido esquecido por muitos, escreveu a jornalista e
escritora brasilandense.
Com o falecimento de Antenor Fonseca junto com ele a cidade
perdeu boa parte de sua história. Ele, que foi um dos primeiros homens de
confiança da família Höffig nos seus longos 40 anos de funcionário dedicado à
família fundadora da cidade tendo sido gerente geral da fazenda Boa Esperança, até hoje é lembrado.
Seu filho mais velho, José, lembrou quando, em 1959, seu pai
foi designado para abrir e também gerenciar a fazenda Fátima. O que causa orgulho a extensa família saber que seu Antenor
foi o verdadeiro desbravador do sertão brasilandense. Em meio aos causos e
façanhas dos mais antigos desta região, populares
contam que para defender o gado do patrão ele chegou a matar mais de 80 onças,
animais que impediam o progresso pecuarista.
Antenor deve ter ido contente para o túmulo, por ter sido uma
das poucas pessoas homenageadas em vida deste lugar, escreveu o Jornal de
Brasilândia. Antes de falecer havia sido condecorado tendo recebido uma rua o seu nome em homenagem ao que realizou quando trabalhou nas fazendas Sant’Ana, Rio Verde, Califórnia
(Izordino Ferreira) e por último na fazenda
Perua (Sebastião Mundin), entre tantas.
O fundador foi velado no salão
comunitário da AMATA, no Conjunto Habitacional Thomaz de Almeida, bairro onde passou
seus últimos dias, e logo depois, sepultado no campo santo local. Sua lembrança
e memória, entretanto, há de permanecer para sempre nos anais da história de
Brasilândia.
Brasilândia/MS, 04 de novembro
de 2022.
Fonte: ACUNHA, Patrícia. Conhecendo a minha rua. Brasilândia:
Criativa Print, 2009, p. 46-47. Também em DUTRA, C.A.S. História e Memória de
Brasilândia/MS, Vol. 1-Pioneiros, Brasilândia, Edição do Autor, 2020, pág.
163-164.
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