sexta-feira, 4 de novembro de 2022

 

Antenor Fonseca: história e memória de um fundador.

Carlos Alberto dos Santos Dutra

 










Os antigos quando partem sempre deixam marcas, deixam lembranças, mesmo que severas, porém não menos dignas de despertar em nós, saudade. Seja pelos laços de sangue existentes, seja pelos laços da amizade que despertou em nós e nutriu. A história deste senhor, pelo que fez e representou para o surgimento desta vila que se tornou cidade, merece, sem dúvida, o reconhecimento e as honrarias da história.

Antenor Fonseca nasceu no dia 2 de maio de 1912 e faleceu no dia 5 de agosto de 1998, aos 86 anos de idade. Era natural da antiga Xavantina, hoje Santa Rita do Pardo, extinto distrito de Três Lagoas. Ele casou com a senhora Rosa Nicácio Fonseca, nascida em 16 de setembro de 1922, em Terenos, comarca de Campo Grande, no dia 23 de setembro de 1938. Ele com 26 anos e ela com 16 anos.

O casamento deu-se perante o juiz José Carlos de Souza, no Distrito de Paz de Garcias, no então município e comarca de Três Lagoas. Ele, filho de Israel Augusto da Fonseca e Maria Cândida da Fonseca, e ela filha de José Nicácio e Antônia Inocência.

O casal constituiu os seguintes filhos: José Jurandir, Tarcisio, Rosa Aparecida e os saudosos Valdir, Aparecido e Eunice. Sobre a história deste esteio de fundação do município, a jornalista Patrícia Acunha conta que Antenor Fonseca parou em nossa cidade por acaso.

Talvez, se não fosse o emprego que ele arranjara com o então pecuarista e fazendeiro Arthur Höffig, Brasilândia teria sido fundada por outras pessoas, observa a jovem escritora. Embora tenha nascido em Xavantina, o menino xavantinense cresceu mesmo foi em Arapuá, sendo lá que conheceu Rosa Nicácio, com quem se casou.

O jovem virou homem e junto com sua esposa resolveram morar nas terras até então desconhecidas por muitos, no final da década de 1950. Seus familiares contam que Antenor foi um dos primeiros a chegar ao local, portanto fundador do povoado. Boa parte de sua vida foi vivida nas fazendas, sendo que em muitas delas trabalhou como administrador.

A fazenda Boa Esperança foi a mais importante delas. Sempre trabalhou no que mais gostava: no ramo da pecuária. A família lembra que ele era uma pessoa bastante reservada e também muito sistemática, pois nunca mudava de ideia por nada. Se para ele pau era pedra, então tinha que ser, de fato, pedra.

Na década de 1990, já aposentado, mudou-se para o centro da cidade de Brasilândia fixando sua residência próxima a Escola Estadual Adilson Alves da Silva. Uma pessoa que até antes era destemida, respeitada por todos, no final de sua vida já tinha sido esquecido por muitos, escreveu a jornalista e escritora brasilandense.

Com o falecimento de Antenor Fonseca junto com ele a cidade perdeu boa parte de sua história. Ele, que foi um dos primeiros homens de confiança da família Höffig nos seus longos 40 anos de funcionário dedicado à família fundadora da cidade tendo sido gerente geral da fazenda Boa Esperança, até hoje é lembrado.

Seu filho mais velho, José, lembrou quando, em 1959, seu pai foi designado para abrir e também gerenciar a fazenda Fátima. O que causa orgulho a extensa família saber que seu Antenor foi o verdadeiro desbravador do sertão brasilandense. Em meio aos causos e façanhas dos mais antigos desta região, populares contam que para defender o gado do patrão ele chegou a matar mais de 80 onças, animais que impediam o progresso pecuarista.

Antenor deve ter ido contente para o túmulo, por ter sido uma das poucas pessoas homenageadas em vida deste lugar, escreveu o Jornal de Brasilândia. Antes de falecer havia sido condecorado tendo recebido uma rua o seu nome em homenagem ao que realizou quando trabalhou nas fazendas Sant’Ana, Rio Verde, Califórnia (Izordino Ferreira) e por último na fazenda Perua (Sebastião Mundin), entre tantas.

O fundador foi velado no salão comunitário da AMATA, no Conjunto Habitacional Thomaz de Almeida, bairro onde passou seus últimos dias, e logo depois, sepultado no campo santo local. Sua lembrança e memória, entretanto, há de permanecer para sempre nos anais da história de Brasilândia.

 

Brasilândia/MS, 04 de novembro de 2022.

 

Fonte: ACUNHA, Patrícia. Conhecendo a minha rua. Brasilândia: Criativa Print, 2009, p. 46-47. Também em DUTRA, C.A.S. História e Memória de Brasilândia/MS, Vol. 1-Pioneiros, Brasilândia, Edição do Autor, 2020, pág. 163-164.

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