Dia Nacional da Consciência Negra
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Vem de longe, de além mar
O lamento e as correntes
Antes livres sorridentes
Natureza e atabaque
Minha alma sem sotaque
Pés descalços, indefesos
Sobre o corpo verga o peso
Da injustiça que campeia
Escravidão e peleia
Na ginga e capoeira
Esperança na dianteira
Consciência vai nascendo
Desde Zumbi foi crescendo
Até os anos setenta
Os desafios que enfrenta
A luta dos movimentos
Igualdade racial nos tentos
Negro Unido, homenagem
Cultura ancestral e a coragem
Da mãe África, negritude
Símbolo e força, juventude
Resistência e liberdade
Sua culturalidade
O seu canto e seu valor
Inundar com seu amor
Redutos da sociedade
Visto sempre com maldade
Por homens brancos e ricos
Héteros, cisgêneros, fuxico
Microrrelações de poder
Que escondem prá valer
O privilégio social
Do homem sobre a mulher, afinal
Também outros marginais
A população LGBTQIA +
E os pretos que são maioria
Tudo isso evidencia
Materialismo que o diga
Desigualdade que intriga
E urge ser reparada,
Corrigida, denunciada
Desmistificar a história
Recuperar a memória
Festejar a importância
Protagonismo e a distância
Do tanto é preciso andar
A cabeça levantar
Contra o racismo e a cultura
Buscar uma nova leitura
Do choque e enfrentamento
Consciência, rompimento
Com a subalternidade
Negro como classe, metade
Desconstruir o papel
Na mídia de aluguel,
Sobre o empoderamento
Da força do movimento
Que é fonte de inspiração
Libelo, libertação
Mãos que foram acorrentadas
Mulheres encarceradas
Terceira maior do mundo
E o coração bate fundo
Saber que elas são pretas
Jovens, com filhos, eta!
Crimes leves cometidos
Sem violência, admitido...
Neste dia dedicado
Da consciência lembrado
Pelos negros, excluídos
Que a voz chegue aos ouvidos
De todos os povos da terra
Tal qual um grito de guerra
Do pioneiro de Palmares
Força às lutas populares
Das mulheres lá na frente
Parir novos combatentes
Por onde quer que andares...
Brasilândia/MS, 20 de novembro de 2022
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