Maria
Risalva da Silva e seu sonho realizado de servir a Deus.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Um a um aqueles que
nos cercam estão partindo. Corremos em vão ao seu encontro em busca de abraços,
pedidos de perdão, agradecimento ou simplesmente desejo de estar ao seu
lado.
E eis que, de súbito,
não mais os encontramos, eles se ausentam deixando apenas um rastro de saudade.
Nesses momentos
corremos para dentro de nós mesmos e procuramos encontrar o que ficou, réstias
de luz daquele que partiu.
O perfume das flores
que um dia nos ofertou; o sorriso de seus lábios que nos dirigiu; o dia e a
hora em que dele nos aproximamos e sentimos sua aura e presença...
A partida de
dona Maria Risalva da Silva, com certeza, está sendo dolorosa para
seus familiares e sua tradicional e extensa família local.
Nascida no
dia 25 de março de 1961 na cidade de Panorama/SP, numa época em que
Brasilândia ainda não possuía hospital, era filha de Isaura Maria de Jesus
Silva e Sebastião Nunes da Silva, fruto de uma família de oito irmãos.
E lá estavam reunidos Joel
Nunes da Silva, Samuel Nunes da Silva, Paulo Nunes da
Silva, Jonas Nunes da Silva, Isaías Nunes da Silva, Ana Ruth da
Silva, Egídio Bonfim Silva e Bruno Bonfim da Silva, os rebentos
daqueles pais cuja família havia aportado por Brasilândia no ano de 1959.
Deixando as raízes da
família lá em Rio das Contas, na Bahia, residiram inicialmente na barranca do
Rio Paraná, na altura do Km 18. Passados dois anos, em 1961, começam a
trabalhar pelas fazendas mudando-se definitivamente para a sede do município de
Brasilândia em 1965, ano da emancipação político administrativa da cidade.
Nestes tempos
primeiros, trabalho era o que não faltava. E lá encontramos seus irmãos mais
velhos trabalhando pelas fazendas. Uma delas foi a fazenda São Cristóvão,
do sr. Paulo Carrara. Enquanto a jovem menina Maria Risalva construía seu castelo de
sonhos, igualmente, ajudando seus pais nas atividades do lar.
Os irmãos relembram
que ela trabalhou na farinheira da família, no restaurante do Dondô Fonseca,
mas sempre se esforçou nos estudos, concluindo seu magistério, onde lecionou
como professora de 1º Grau por algum tempo e na juventude também foi professora
de datilografia.
O magistério ela
concluiu na Escola Estadual Adilson Alves da Silva, enamorando-se e depois
casando com Benedito Gomes de Castro em dezembro de 1982. Desta união,
três filhos nascidos vivos: Ezequias Riciel da Silva Castro, Samuel
da Silva Castro e Risia Raquel da Silva Castro.
Dona Maria Risalva sempre
foi uma lutadora. Após casar, recorda a família, continuou exercendo
funções do lar e mais tarde começou a vender roupa de porta em porta juntamente
com o esposo que também exercia atividade rural numa pequena propriedade que
adquiriram. Desta atividade angariaram força e coragem para abrir sua própria
loja. Entretanto, após divorciar-se dedicou-se exclusivamente a atividade
comercial.
Confessava
abertamente para a família e amigos de fé, da Congregação Cristã da qual era
membro, que seu sonho era servir a Deus para herdar o céu. Talvez
por essa razão era carinhosamente chamada pela família de cigarrinha pois
sempre cantava hinos de louvores e súplicas a Deus no seu dia a dia.
Viva a vida com simplicidade e alegria, independente das circunstâncias; seja temente a
Deus servindo-O com disposição: esse era o seu lema. A mensagem que sempre ofertava a quem lhe procurava era: se buscares as coisas dos céus as
demais te serão acrescentadas .
Quem a conheceu de perto sempre soube das virtudes desta mulher que aqui se aquerenciou e firmou-se no
comércio local, construiu uma família, conquistou amigos e auxiliou o próximo.
Desta senhora de fé,
seus filhos e demais familiares devem nutrir belas lembranças e muitas
recordações que hão de consolá-los neste momento de dor e sofrimento.
Por mais que a
confiança e o temor a Deus seja o sustentáculo dos que creem, sempre há o que
lamentar pela separação eterna.
Sobre esta senhora guardamos na lembrança a solicitude e atenção com que
sempre nos tratou quando, por dezenas de vezes, garantiu vestimenta e abrigo aos
indígenas Ofaié, quando coordenávamos o trabalho de assistência a esta
comunidade autóctone pelo CIMI.
De aspecto sereno,
tratando a todos por igual, mesmo sem demonstrar emoção aparente, porém seu coração
estava sempre a disposição e atento.
Sua presença foi
decisiva naquele momento vivido por aqueles pequeninos do Reino, suprindo-lhes
suas necessidades e confortando-os em seus reclamos.
Por essa e outras gentilezas, obséquios e cortesias que esta senhora
angariou e nutriu somos grato, porque fez florir em nós e na comunidade que
servia, o respeito e admiração, embora nunca lhe tenha sido dito.
Razão que nos faz, nesta hora de despedida triste e solitária (em razão da Covid-19) recordar, não sem dor, que esta senhora de apenas 60 anos de idade combateu o bom combate, terminou a corrida, e guardou a fé.
E, com certeza, ela pode dizer no dia 13 de abril último diante do Trono: Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda (2Tim 4,7-8).
Descanse em paz dona Maria Risalva.
Brasilândia/MS,
18 de abril de 2021.
Com informações gentilmente cedidas pela família.
querida Risalva ..meus sentimentos
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