quarta-feira, 7 de abril de 2021

A grande esperança e a ruína social chamada Covid-19
Carlos Alberto dos Santos Dutra


Há 9 anos
a Igreja Adventista do Sétimo Dia iniciou uma campanha nacional distribuindo no Brasil, cerca de 42 milhões de exemplares do livro A Grande Esperança. No mundo foram distribuídos cerca de 170 milhões de livros, e em Mato Grosso do Sul, 800 mil exemplares.

A obra da norte-americana Ellen Gold White, na época, tinha o propósito de alertar a humanidade e fazer frente à situação que o mundo se encontrava, onde, escreveu ela: tudo parece caminhar para ruína social, moral, econômica. Buscava ela, naquela época, inspiração divina pois acreditava que com certeza tudo terminará bem se nos mantivermos firmes ao lado do nosso Salvador Jesus (1).

Parecia um presságio do que estava para acontecer com a humanidade menos de uma década depois de seu anúncio profético. A devastação de sofrimento e morte que o corona vírus causou sobre a totalidade dos povos sobre o globo, onde os números chegam a 2.867.242 mortos, sendo que no Brasil já morreram 332.752 pessoas vítimas deste vírus.

Situação desesperadora tanto para aqueles que perderam parentes e amigos, como para aqueles que sobreviveram e conseguiram superar e vencer a doença, valendo-se de todos os recursos disponíveis, científicos, humanos e sobre-humanos.

É interessante notar, entretanto, como a humanidade nos momentos de crise sempre recorre a Deus em suas diversas denominações para depositar n’Ele suas esperanças. Desde os primórdios até os dias atuais, desde as confissões mais céticas até as mais fervorosas, o catecismo é sempre o mesmo.

É interessante notar também que a maioria das religiões não coloca no centro de suas preocupações e debates, de maneira crítica e holística, o contexto de desajuste que os homens vêm construindo e praticando no decorrer da história contra si e os que se encontram a sua volta, e que, nos momentos atuais, assume proporções assustadoras.

O que vemos na verdade é que cada vez mais há o distanciamento entre os ensinamentos divinos e a realidade. Não mais mensura-se a fidelidade ou infidelidade humana ao projeto de salvação oferecido por Deus através de seu filho Jesus Cristo na nossa cultura, a partir das ações praticadas.

Achamos que tudo acontece num plano superior, predefinido, fora do alcance do homem e onde não há como sua pequenez penetrar. E nem faz por onde, tornando-o um irresponsável.

Esse pensamento popularizou-se, cumpre lembrar, após a Reforma protestante, que influenciou as ideias de tantos pensadores contemporâneos, como é o caso da profetisa e precursora do movimento Adventista sabatista, Ellen Gould White (1827-1915), autora do livro citado acima.

No curso de uma linha etérea e nefelibata, essa corrente de pensamento adentra com sabedoria o campo da metafísica e da alma humana e discutem algumas das questões que mais interessam a todos nós, como: razão do sofrimento, a verdadeira paz, a vida após a morte e a vitória final do amor de Deus.

Em que pese este seja o tema mais abordado pelos animadores da fé nos templos de tijolos ou virtuais que se transformaram em pilastras de sustentação nesses momentos de dor e morte causados pela pandemia, observa-se uma dicotomia gritantemente avassaladora.

Verifica-se um sistemático distanciamento entre os apelos do Espírito e a conduta das vicissitudes da Carne, tal qual nos fala a Epístola de Paulo aos Gálatas 5,13-26. 

Os desvios que a humanidade vem praticando e que tem resultado em desesperança e descrédito, pouco se fala ou se faz para transformar essa realidade – social, política e econômica -- de pecado e desajuste com os ditames da fé bíblica.

O livro de Ellen White, restauracionista que é, busca fazer a sua parte: oferece aos cristãos pela via suave, um caminho, uma direção. Um caminho, entretanto, que muitos ainda se negam a seguir.

Tudo no esforço de mostrar a mão de Deus guiando os cristãos ao longo da história (2). Algo como se houvesse um conflito cósmico sendo travado na terra entre o bem (Deus) e o mal (Satanás), embate que acontece independentemente do querer dos homens.

Isso, entretanto, soa tão distante e irreal, e nos põe em dúvida se esse é o caminho mais acertado, homens de ciência que somos. Homens que acreditam que a vacina pode conter o Corona vírus, pois fruto da sabedoria, dom de Deus ofertadas aos homens.

Mas, para Ellen Gould Harmon, que é o nome verdadeiro da irmã White, não há dúvida nas suas convicções de fé. Descrita como uma das figuras mais vibrantes e fascinantes da história da religião americana (3), tornou-se a autora feminina mais traduzida de não-ficção na história da literatura, bem como o mais traduzido autor de não-ficção americana de ambos os sexos.

Escreveu mais de 5 mil artigos e 40 livros. Outros estudos seus tratam de teologia, evangelização, vida cristã, educação e saúde, tendo sido uma defensora, ora, até do vegetarianismo. Promoveu também a criação de escolas e centros médicos, num perfeito casamento entre ciência e fé.

O portal Vikipédia traz uma longa biografia da escritora dando destaque para as experiências visionárias, que começaram aos 17 anos e se prolongou durante o resto de sua vida em diversas ocasiões, sendo-lhe revelado, no seu entendimento, o poder de Deus.

Sua vontade era que o mundo fosse contagiado pela mensagem do segundo advento de Cristo à Terra para buscar aqueles que servem ao único Deus. Isto precisa ser proclamado em cada igreja em nossa terra --dizia. Os cristãos precisam saber disso, e não colocar os homens onde Deus deveria estar, para que eles não sejam mais adoradores de ídolos, mas sim do Deus vivo. Existe idolatria nas nossas igrejas, denunciava.

Fátima e Mediugórie, no universo católico, são exemplos de cristãos que tiveram visões e presenciaram aparições divinas semelhantes a que
irmã White experimentou, revelando ao mundo um último apelo de conversão à Deus.

Numa região convertida ao catolicismo e duramente perseguida pelo domínio turco entre 1478 e 1878, a mãe de Jesus em sua aparição a seis jovens croatas, revelou-lhes uma dezena de segredos sobre acontecimentos que sobrevirão, em breve, à humanidade.

Após a realização do 10º segredo, segundo as videntes, o poder de Satanás será destruído e um Novo Pentecostes marcará o início de um Novo Tempo (4). O apelo à conversão interior, percebe-se, está muito presente quando os homens encontram-se em dificuldades extremas.

Ainda que as religiões pouco possam contribuir para mudar os contextos sociais, políticos e econômicos da sociedade atual, sobre os alertas e verdades advindas da Sabedoria superior, vindas do Pai Celestial e destinadas a seus filhos amados, elas são mais do que necessárias, porque moldam o interior do homem.

Nestes tempos difíceis onde a humanidade não sabe mais para onde caminhar, são sinais de esperança e estímulo para aqueles -- revolucionários, como Francisco, Padre Pio, Tereza de Calcutá, Camilo Torres, entre outros --, que lutaram por transformações nas estruturas do seu tempo.

Lutaram para que os homens do nosso tempo interfiram em defesa dos mais fracos em face do opressor. Promovendo a justiça e a solidariedade, garantindo, por exemplo, vacina para todos, cumprindo as orientações sanitárias, enfim, buscando o melhor para si e para seus irmãos.

Este pensamento superior, serve também de alento à hierarquia das igrejas, missionários, pastores, anciãos, padres, rabinos, bispos e diáconos, para que arrisquem mais suas vidas na proclamação dos valores do Evangelho da Justiça e da Solidariedade, prenúncio da vida Eterna, e ajudem a orientar o homem, em concreto, no curso de seus dias, até que Ele venha.


Foto: http://www.esperanca.com.br/categoria/livro-a-grande-esperanca/  
(1) Projeto “A grande Esperança chega a Brasilândia”. Igreja Adventista, Brasilândia-MS. In Jornal Folha Costa Leste, Anaurilândia-MS, Ano 3, nº 117, 31 de março de 2012, p. A5.


 

Publicado originalmente em 4 de Abril de 2012 e republicado com atualizações em 7 de abril de 2021.

2 comentários:

  1. Apenas para contribuir sobre o trecho "Mas, para Ellen Gould Harmon, que é o nome verdadeiro da irmã White(...)" Ellen G White é seu nome de casada, Ellen Gold Harmon era seu nome de solteira. Parabéns pelo artigo.
    Para mais informações: https://www.adventistas.org/pt/espiritodeprofecia/sobre-nos/biografia-de-ellen-g-white/ ou http://www.centrowhite.org.br/ellen-g-white/biografia-de-ellen-g-white-1827-1915/

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