O aniversário de Brasilândia e as lições da
pandemia.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Brasilândia cidade esperança, ainda
criança, cultivando a flor... Assim canta o hino oficial da cidade, querendo
dizer que a urbe na qual vivemos ainda tem muito que crescer e aprender para
tornar-se plena e orgulho de seus habitantes.
No dia em que ela completa 56 anos de emancipação político administrativa, impossível não recordar o que parece tão óbvio aos jovens que aqui vivem e controlam o mundo: Brasilândia não é mais uma criança.
Embora estejamos cercados delas, desde jovens que sequer ouviram falar de um John Tomes ou uma Rita Morena; de um Didi ou uma Dona Fia, até as crianças que viveram naquele tempo e que hoje se tornam adultos. Poucos ainda lembram desta época de ouro.
A maturidade é sempre uma encruzilhada. Relembra-se o passado sem perder de vista o futuro. Esperança que deita os passos no caminho trilhado por aquele que um dia foi criança. Trilha que tem a virtude de corrigir os erros e acertar o rumo.
Assim foi com Brasilândia. A cidade que cresceu e se tornou adulta faz por merecer hoje acertar o passo, buscar horizontes novos, quiçá seguros, para sua gente.
Aniversário é sinônimo de festa e de alegria. Mesmo que esta alegria seja pequena, do tamanho de sua realidade. Realidade, aliás, que em tempo de pandemia, só tem mostrado dor e sofrimento.
A verdade é que, ao longo deste ano, muito pouco temos para comemorar. Para os que sobreviveram à Covid-19 é motivo de alegria e gratidão. Para os que perderam entes queridos é motivo de consternação e saudade.
Mas como festejar aniversário em meio essa guerra entre a vida e a morte?
Há quem possa dizer que a morte não é uma fatalidade e sim o destino de todos, o que consola aqueles mais céticos sobre a existência humana. Há quem confere a morte sinal salvífico e de redenção, o que conforta aqueles que creem na Páscoa definitiva dos que partem.
Mas a morte, entretanto, independe das motivações de como as pessoas encaram a perda recorrente de seus familiares. No caso da Covid-19 ela se apresenta de forma estúpida, sem ao menos permitir aos familiares poderem homenagear seus mortos com os ritos fúnebres tradicionais de suas crenças.
Por
mais que doa a separação daquela dezena de parentes e amigos que perdemos ao longo
deste ano, ainda assim, é preciso lembrar e festejar os vivos. Agradecer por
ainda estarem aqui: uns com saúde perfeita, outros ainda lutando contra a
morte.
Nas igrejas e nos lares, pelas ruas e pelas estradas, há milhares de preces e canções, hinos e salmos sendo entoados que ecoam em direção aos Céus, rogando a Deus por saúde e cura para os que ainda vivem e lutam contra a doença. Nunca se invocou tanto o santo nome de Emanuel como agora.
Na data emblemática de hoje, dia 25 de abril de 2021, aniversário de Brasilândia, o homenageado mor, a estrela de maior brilho a ser festejada é, sem dúvida, o brasilandense. O sobrevivente da Covid-19 que, a cada dia, graças ao esforço e dedicação dos profissionais de saúde do Hospital Dr. Júlio César Paulino Maia e a rede municipal do SUS, se veem medicados e alimentados na esperança de sobreviver.
Segundo o Boletim Epidemiológico do dia 21 de abril último, havia em Brasilândia 109 pacientes em tratamento contra a Covid-19, sendo que quatro pacientes se encontravam nas UTIs de Três Lagoas, Aparecida do Taboado e Bataguassu. Entre eles, com certeza, familiares e amigos nossos lá estavam.
Festejar o aniversário de Brasilândia neste contexto de pandemia é, portanto, reverenciar nossos mortos e homenagear nossos vivos. Tirando as lições da caminhada que empreendemos até aqui, ao lidar com este vírus mortal.
Continuar
respeitando as medidas sanitárias preconizadas pela Secretaria Municipal de
Saúde, fazendo uso corriqueiramente da máscara em todo o lugar, praticar o
distanciamento social: isso é uma bela forma de festejar os 56 anos de Brasilândia.
Evitar aglomerações e não descuidar da etiqueta respiratória ao espirrar ou tossir, e respeitar as determinações legais e decretos municipais que disciplinam a circulação de pessoas pelas ruas, e redução do horário de funcionamento de empresas e instituições não essenciais: também é outra bela forma de festejar os 56 anos de Brasilândia.
É a homenagem que podemos fazer àqueles que ainda estão vivos na impossibilidade que temos de abraçá-los e dizer o quanto o amamos e que eles são importante para nós.
Será uma prova de que estamos fazendo a nossa parte, respeitando aqueles que esperamos de volta aos lares, preservando vidas e evitando a disseminação do vírus.
Para que no ano que vem, possamos estar todos juntos, numa bela alvorada festiva, como nos velhos tempos, festejando o aniversário da nossa cidade, com toda a nossa confiança, fé a amor, como frisa o refrão de nosso hino.
Feliz Aniversário Brasilândia! Parabéns administração pública da Cidade Esperança!
Brasilândia/MS, 25 de abril de 2021.
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