Homenagem às Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado
Diác. Carlos Alberto dos Santos Dutra
Corria o dia 4 de janeiro de 2006 e a Paróquia Cristo Bom Pastor recebia um grupo de missionárias admiráveis. Tratava-se da realização do PROMIS, uma experiência ministrada em Brasilândia pelas pioneiras Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, congregação fundada em 1928 e presente na Diocese de Três Lagoas desde 1958. Portadoras de um carisma diferente das demais congregações religiosas da época, tinham como lema: Ir em busca dos mais necessitados e o carisma: Ir em busca... com um pé no convento e outro no mundo.
E lá estavam elas
chegando em Brasilândia, sendo recepcionadas pelo padre Lauri Vital Bósio,
pároco na época e o grupo de fiéis locais dispostos a caminhar naquela
empreitada de fé: as irmãs Ignês
Guarnieri; Zélia Lopes; Célia Maria Simeão; Lídia Rodrigues; Maria
Aparecida Zanchetta; Geni Reia; Wanda Lupato; Vera Wanda dos Santos. E os agentes locais Felipe Vituriano Neto; Magda
Monteiro de Jesus; Regiane de Souza
Dias, Eliana Munin Silva Pedrosa;
Patrícia Helena Dias; Janaina Lopes da Silva Souza, entre
outros.
Durante a missa de
abertura dos trabalhos da missão, um acontecimento especial, entretanto, marcou
profundamente a vida de todos que lá se encontravam naquele dia. Entre as intenções da celebração estava o 7º dia
de falecimento de uma mãe da comunidade, que falecera de parto ao dar à luz uma linda menina que nasceu forte
e bela, e recebeu o nome de Natali Raquel.
No Livro Tombo da
Paróquia lá encontramos o registro deste momento especial e de alcance
histórico digno de ser lembrado nos festejos do jubileu dos 50 anos da Paróquia
Cristo Bom Pastor. Foi muito emocionante
quando a Irmã Célia Maria tomou a criança nos braços e fez uma prece recordando o tempo que, no início desta Paróquia, ela, sendo enfermeira
e parteira, ajudou a muitas mães terem seus filhos e nunca aconteceu de alguma
gestante morrer na hora do parto. Era um tempo quando
Brasilândia ainda não possuía médico e tampouco hospital...
A emoção tomou conta
de todos naquele momento. Embora fosse motivo de dor pelo falecimento da mãe, o ambiente inspirava alegria pela vida da criança
sobrevivente e imensa gratidão da
comunidade pelas abençoadas mãos daquela irmã-parteira, que pode ser considerada como a primeira mãe de muitos brasilandense, a irmã Célia Maria Simeão.
Da mesma forma todos
somos gratos às demais irmãs coordenadoras pelo pioneiro trabalho humano e evangelizador
que realizaram: Abigail Dias Batista,
Margarida Clementina do Nascimento e Geralda Ferreira da Silva. Elas foram
as primeiras vigárias que por 10 anos administraram a Paróquia Cristo Bom
Pastor.
As atividades do
evento missionário do PROMIS seguiram em frente concentrando suas forças no
Reassentamento Novo Porto João André que se viu transformado literalmente em terra de missão: trabalhos em grupo,
visitas às famílias e cerâmicas, oficinas de artesanato, recreação infantil e
de adultos, leitura orante da Palavra de Deus e celebrações a partir da vida
pelas mãos daquelas irmãs missionárias. Manuel
Édson Pereira e a Profª Joana
Nogueira são citados como lideranças da paróquia que participaram
ativamente daquele evento.
Contando com uma
zelosa equipe de serviços formada pelas senhoras Vera Lúcia, Luciana, Vermilda, Branca, Cleonice, Marina e dona Chiquinha, o grupo de missionárias e
animadores iluminou aquela comunidade, trocando experiências e cumulando de
esperança àqueles ribeirinhos egressos da barranca dos rios Verde e Paraná.
No dia 25 de junho a
Paróquia Cristo Bom Pastor celebra o jubileu de seus 50 anos de fundação no
município de Brasilândia. Data que relembra também a primeira missa campal
rezada 15 anos antes pelo padre João Tomes ao pé no Cruzeiro, marco da
fundação do município, no dia 21 de abril de 1957.
Sim. Por uma década esta
Paróquia criada em 1972 foi confiada por Dom Antônio Barbosa à valorosa congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado. Foi
uma experiência pioneira na Diocese de
Campo Grande, escreveu o padre Ubajara Paz de Figueiredo no Livro
Tombo da Paróquia:
Uma paróquia sem os serviços hierárquicos tradicionais,
formando a primeira comunidade pastoral católica nesta terra possibilitando aos fiéis da região congregar ao redor de Cristo Bom Pastor
e daqueles que O representam, formando uma fervorosa comunidade de fé, de
culto, de amor e serviço fraterno.
Muito temos a
agradecer a estas irmãs vigárias que desafiaram o mundo para dar seu testemunho
de sua missão: realizaram batizados, casamentos, exéquias, catequese, cursos de
batismo, preparação do Crisma e matrimônio. Trouxeram vidas ao mundo, promoveram
a alegria, o encanto e a arte, encarnaram a vida de sofrimento da comunidade,
semearam esperança, celebraram a Palavra de Deus nas igrejas e capelas, na
cidade e nas comunidades rurais.
Ao lado dos
ribeirinhos, de homens e mulheres trabalhadores rurais sem terra e indígenas, deram
o testemunho evangélico e profético; venceram a poeira das estradas e o
obstáculo das distâncias, num mundo cominado pelos homens e num tempo de poucos
recursos, movidas somente pelo carisma e a fé no Cristo Bom Pastor. Por tudo
isso, obrigado Irmãs Missionárias de
Jesus Crucificado de ontem e de hoje.
Sobre o passado, a memória reclama, e é impossível não lembrar:
E lá estava a irmã Abigail ao lado de Dom Geraldo Majela Reis atendendo a
comunidade da Capela Santa Bárbara, na Cabeceira Perdida! A irmã Ana atendendo a Capela São Paulo, na
Fazenda Cisalpina, e a Capela São Francisco, na Fazenda Boa Esperança! A Irmã Célia, de pequena estatura, na condição
de irmã enfermeira, atendia no posto de Saúde.
E lá encontramos a
irmã Margarida Baptista viajando até a Debrasa para atender a Capela São José
Operário! E a irmã Cacilda
percorrendo a barranca do rio Paraná celebrando na Capela Nossa Senhora das
Graças, no Porto João André! Cheia de criatividade lá encontramos a irmã Zélia e a valorosa irmã Nair
acompanhando a pastoral da terra animando os ribeirinhos e pescadores,
sem-terra e indígenas que viviam na barranca do rio Paraná no Porto Cisalpina e
Porto João André!
Como não lembrar da irmã
Margarida Clementina que atendia a
Capela Nossa Senhora Aparecida mesmo antes que existisse o Iate Clube Rio
Verde; a irmã Maria Aparecida que
acompanhava o Padre quando ele visitava a Paróquia e celebrava missa pelas
fazendas da região: Fazenda Mater, Fazenda Almeida, Capela São José dos
Jesuítas. Ah, e a irmã Diocenísia, carinhosamente chamada de irmã DIÓ, que estimulava os jovens e se
dedicava à catequese de crianças e adultos na paróquia!
Tanto trabalho e
muita dedicação. E lá estava a irmã Geni
visitando os doentes, de casa em casa, levando esperança e a comunhão aos
enfermos. Da mesma forma a irmã Geralda
sempre às voltas em reunião com a comissão
administrativa da Paróquia ajudando nas promoções e eventos, quermesses e
celebrações festivas!
A Irmã Judith prestando assistência espiritual
a moradores do distrito de Xavantina, Capela Santa Rita e Capela Nossa Senhora
de Fátima, na fazenda Mutum na companhia do padre Antônio Ribeiro. E a irmã
Maria de Abreu celebrando nas
comunidades rurais das fazendas Córrego Azul, Fazenda Limeira, Capela Nossa
Senhora de Fátima, e Sitio Cafezinho. Também a irmã Maria Benedita que subia o rio Verde até os moradores da fazenda do
Porto que atravessavam para Arapuá através do cabo de aço num tempo em que o
padre vinha de Três Lagoas pela fazenda Arapuá.
Ao lado das irmãs que
aqui residiam, muitas outras irmãs colaboradoras passaram por aqui e promoveram
encontros, ministraram cursos e animaram a caminhada da igreja nos primeiros
anos da Paróquia. Elas permaneceram em Brasilândia até a chegada do primeiro
pároco nomeado, o padre Tadeu
Kolochievjck, em 1982.
Que Deus abençoe as
que aqui hoje se encontram e também as que já partiram para o Reino dos Céus,
pelo muito que realizaram e somos gratos. Obrigado Irmãs Missionárias de Jesus
Crucificado. A Paroquia Cristo Bom Pastor as guardará sempre na sua memória.
Deus as abençoe.
Publicado originalmente em 18.Jun.2022 e republicado em 18.Jun.2024.
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