domingo, 11 de junho de 2023

 

Idalina Tobias Barboza: a história de um nome e de uma vida

Carlos Alberto dos Santos Dutra



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Aquela senhora sempre fora reservada, talvez, por força dos ancestrais de seu nome que significa aquela que tem origem nas florestas. Na linhagem mais antiga de seu nome que remonta o grego, é possível que Idalina signifique nativa do monte Ida que, calcado no germânico idhja, significa mulher trabalhadeira.

Pois bem, o nome desta mulher reflete um pouco da sua vocação que brota do mundo bucólico e rural, e que marca o início de sua trajetória de vida que relembramos aqui em sua homenagem póstuma.

Vida que Idalina Tobias Barboza deu impulso no dia do seu nascimento ocorrido em 19 de dezembro de 1939, lá na cidade de Vera Cruz/SP.

Carinhosamente chamada de Dala pela família, mamãe para os filhos e dindinha para os netos e bisnetos, ela sempre foi a alegria dos pais Diamantino Tobias e Maria Faci, e dos irmãos Alzira, Izolina, Naíra, Sebastião, Otávio, Laura e Anor.

Idalina teve uma infância feliz. Sempre muito apegada à família, viu chegar sua juventude na zona rural de Vera Cruz, depois mudou para Monte Castelo, quando a família passou a residir no bairro Santa Marta.

Desde jovem, sempre foi muito afeita ao trabalho e a lida da casa. O que, por falta de oportunidade não lhe permitiu frequentar a escola. Entretanto, as letras, ao que parece, nunca lhe fizeram falta para o labor que sempre desempenhou ajudando na subsistência da família, no trabalho na roça, carpindo, plantando e colhendo.

Fruto de uma família muito religiosa, conheceu aquele que veio a se tornar seu esposo, num encontro de famílias onde ela rezava o terço. Foi num sitio em Monte Castelo, onde lá estava aquele jovem alinhado, devoto de Maria, mariano portanto, que lançou os primeiros olhares e namoro.

Vivia-se um tempo em que os mais moços gostavam de ir aos bailes e quermesses para fazer amizades e conhecer seus futuros pretendentes. Nestas ocasiões, quando o moço jogava o lenço vermelho, estava dando o sinal e, assim, chamava a moça para dançar.

Outras brincadeiras e provas alimentavam o imaginário juvenil dos primeiros madrigais daqueles tempos: brincar de passar anel, quadrilha nas festas juninas, entre outras.

Quando solteira Idalina especializara-se no bordado confeccionando lençóis e toalhas de banho, com todo o primor e capricho.

Idalina chegou a Brasilândia no ano de 1967, já casada com o jovem mariano de Monte Castelo, Arlindo Barboza de Mattos em cerimônia religiosa que aconteceu no dia 19 de abril de 1958, numa união que durou apenas 14 anos, quando ele veio a falecer no dia 28 de julho de 1972 em Araçatuba/SP.

Dali para frente, coube a dona Idalina criar os filhos, passando a ser a chefe de casa e enfrentando a dureza e a luta pela sobrevivência. Foram, pois 51 anos de estrema dedicação à família, zelando pelos filhos que o casal concebeu.

Até bem pouco tempo atrás, dona Idalina, passados 83 anos de vida e idade, ainda podia receber o abraço e o carinho de seus 8 filhos (um já falecido), dos 14 netos e dos 14 bisnetos. Numa generosa demonstração de afeto que lhe confortava a alma.

Quando o peso da idade foi chegando, já idosa, ainda assim, não perdera o hábito de agricultora, dedicando zelo para com suas plantinhas as quais regava todo dia. Mais que isso: de quando em vez surpreendia a todos cantarolando e conversando com elas, ao que as plantinhas, com certeza, agradecidas respondiam.

Depois de uma longa caminhada e de assistir a despedida do esposo, do sogro, da mãe, pai, cunhados, irmãos, e o filho José, tragicamente falecido em 25 de maio de 2007 e a sogra, em 2008, não deixou a tristeza lhe turvar a visão: ainda sentia alegria em viver.

E lá encontramos dona Idalina vestida de uma roupa sempre colorida, como gostava, servindo um suco de acerola e laranja, que apreciava. Na mesa, sempre gostou de vê-la repleta de carne, legumes e verdura. Tudo isso completava a sua alegria e satisfação de ser agora a vovó da casa.

Nos últimos dias, sua maior alegria era reunir os filhos ao redor de si nos domingos em sua casa. No corre-corre do dia a dia, sempre foi paciente, e contentava-se em recebe-los abrindo os braços para eles. Isto lhe dava a sensação de que os filhos ainda precisavam dela para viver...

E eles, logo disso se certificaram.

No dia 3 de junho de 2023, quando ela realizou a sua Páscoa definitiva, as plantas ficaram mais tristes neste dia. Também os filhos, os familiares e os amigos. Porque neste dia partia uma mulher simples e ao mesmo tempo vigorosa que no silencio dos seus dias, foi professora à moda antiga, mestra da honestidade, do respeito, e da educação.

Quando os anjos do Céu e a Vigem Santíssima vieram  buscá-la, encontraram, sim, uma mulher piedosa, símbolo de fortaleza, uma mulher batalhadora, que sempre rezava e abençoava seus filhos, netos e bisnetos, como uma dedicada catequista.

Para o conforto dos filhos mais próximos, ao longe, as canções Nos braços do Pai, O que é que eu sou sem Jesus e As andorinhas, que ela sempre cantarolava, haverão de faze-los lembrar desta mulher guerreira que o coração dos filhos a chamarão sempre, para todo o sempre, de Mamãe.

Descanse em Paz vovó Idalina Tobias Barboza


Brasilândia/MS, 11 de junho de 2023.

 

Fonte: Com informações dos familiares enviadas pela neta Miriam.  https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/idalina

 


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