terça-feira, 3 de setembro de 2024

 

As eleições, as siglas e os números

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Vivemos sob o império dos números e das siglas. Desde a lista de preços dos produtos que compramos no supermercado até o CPF que digitamos para emitir a nota fiscal. Os números, acostumamo-nos com eles: são números de senhas, de calçados e roupas; são números do preço da gasolina, da inflação, da conta de água e do vencimento do cartão de crédito, e por aí vai.

Quanto aos números podemos ter até alguma dificuldade pois nem sempre somos tão bons de matemática. Já as siglas, sobre elas somos especialistas: IPTU, IPVA, CPF, RG, DPVAT, ISSQN, CNPJ, DNIT, PROCON, IBAMA, e também por aí vai. O problema é saber se sabemos o que essas siglas realmente significam e querem dizer. 

A mesma preocupação vale para as siglas partidárias. Elas são signos e querem comunicar algo; mesmo que seus detentores neguem ou desconheçam o seu significado.  E olha que nestas eleições, sobretudo aqui em Brasilândia, as siglas estão reduzidíssimas, o que pode facilitar a escolha... Ou tornar a escolha mais difícil e exigente.

Nas eleições isso não seria diferente. Identificamos os candidatos também por números e siglas. Só para se ter uma ideia, em 2016 Brasilândia tinha 23 partidos que totalizavam 1.912 filiados: PMDB, PSDB, PDT, PT, PTB, PRB, DEM, PP, PPS, PV, PR, PT do B, PSB, PEN, PSC, PMN, PSL, PSDC, PTC, PSD, PPL, PROS E PSOL. Passados oito anos, neste ano de 2024, concorrem apenas cinco siglas: MDB, PL, PODE, PP e a Federação PSDB/Cidadania, fruto de união ocorrida em 2022. Uma tendência já verificada na eleição passada, de 2020, quando concorreram também, apenas cinco partidos: MDB, DEM, PSDB, PODE, e PSD.

Num rápido balanço no quadro das siglas que concorrem este ano de 2024 podemos observar que ao longo dos anos foram ficando de fora das eleições diversos partidos, para não dizer a maioria. Muitos deles tinham um viés específicos nas suas linhas doutrinárias, identificando-se com determinada camada social ou linha ideológica. Isso foi se esmaecendo com o tempo.

Em seu lugar surgiram ou reagruparam-se novas forças dominantes que passaram a nortear os rumos da política, digamos, sob o olhar mais profissional e empreendedor. Só para se ter uma ideia disso, na disputa majoritária deste ano, observemos o confronto que transparece haver entre MDB e PSDB.

No campo ideológico, entretanto, isso não significa que estejam um mais distante do outro. O movimento democrático e o da social democracia, não só aqui, mas em diversas partes do mundo, diante dos desafios globais, caminham juntos, com os mesmo objetivos, ainda que por caminhos diversos.

Um divisor de águas, entretanto, semeia luz à disputa contribuindo para o discernimento do caminho que a cidade deverá tomar: o número de vereadores. Ainda que, em porcentagem menor que no ano de 1988, quando concorreram 71 candidatos ao legislativo, os 48 concorrentes atuais representam, sem dúvida, motor para seus cabeças de chapa.

Ambas as legendas lançaram dez (10) candidatos para a chapa proporcional, à exceção do PL que lançou nove (9) e o PODE (Podemos) que teve uma candidatura indeferida, totalizando, agora, 48 candidatos ao Legislativo municipal.

Independente do número, há de se convir que muitos candidatos vêm de experiência distintas e a correlação de força é desigual. Sete (7) dos nove vereadores atuais são candidatos à reeleição. Os outros dois (2) restantes, disputam a majoritária. Destes, à exceção de Selma Alquaz que busca a reeleição e Sérgio Abreu, que já foi vereador e foi substituído em 2019, todos os demais candidatos do MDB são novos na corrida eleitoral. Nomes, sim, com experiência na administração pública, mas que atraem sobre si a expectativa de renovação e novas possibilidade.

No caso do PSDB, somente Jô Silva busca a reeleição, o que demonstra que a sigla também reúne um potencial de mudança através de novos rostos e ideias que podem fazer a diferença na hora da escolha do nome certo para vereador. A exceção do fisioterapeuta Dr. Alexandre e Luiz do Café que já foram vereadores em eleições passadas, a legenda reúne nomes que se destacam na proposta de cunho social que a sigla ostenta.

No caso do PODE (Podemos), todos os candidatos têm muito a mostrar, em razão do entusiasmo que sempre norteia os que sonham em fazer o melhor por Brasilândia. Não obstante, ambos terão de mostrar seu brilho e disputar voto a voto com aqueles que buscam a reeleição, como Edinho do Master, pela experiência e trabalho já realizado.

O PL, por sua vez, traz as maiores novidades e também dificuldades para os novatos e idealistas na política. Sobretudo por que a sigla terá de compartilhar votos com nomes de forte referência no imaginário do eleitor, e que buscam a reeleição: Nivaldo Polícia e Quintino do Agro, que prometem uma campanha de forte apelo midiático a partir de propostas de reflexo nacionais.

E por fim o PP, Partido Progressista, que existe em Brasilândia desde 1993, e que sempre marcou presença em quase todas as eleições municipais contribuindo de maneira decisiva para o desenvolvimento local. Não fosse a presença do veterano Quinca da Fênix e da Patrícia do Banco, entre os candidatos à reeleição, poderia se dizer que essa é a sigla que apresenta maior grau de esperança e também de desafio para os candidatos que sonham em conquistar uma vaga no Legislativo municipal.

No mundo das legendas, nem todos os concorrentes sabem o que as siglas significam e o que eles, candidatos, fazem dentro delas ou o que poderão fazer de posse deste instrumento...

Mas isso já é assunto para um outro artigo.


Brasilândia/MS, 03 de setembro de 2024.


Fonte: História e Memória de Brasilândia/MS, Vol. 5-Poderes, Brasilândia, Ed. Do Autor, 2022, Cap. 1- Os poderes, as eleições e a política, pág.127s; disponível em História e Memória de Brasilândia/MS Volume 5 - Poderes, por Carlos Alberto dos Santos Dutra - Clube de Autores; Resultado das Eleições Anteriores — Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (tre-ms.jus.br); Eleições 2024 em Brasilândia (MS): veja os candidatos a prefeito e a vereador | Eleições 2024 no Mato Grosso do Sul | G1 (globo.com).


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