domingo, 16 de maio de 2021

 Obrigado motorista Paulo César da Silva.

Carlos Alberto dos Santos Dutra






A aurora ainda nem cumprimentou o novo dia e lá vai ele pelas estradas no oficio de servidor público. Em meio ao sol escaldante do meio dia ou o breu da noite que o perigo esconde, lá está ele de olhos firmes no volante.

O roteiro ele carrega na cabeça: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, oficinas, comércio, gabinetes, e favores a quem precisa.

Levando e trazendo pessoas, seja na ambulância, seja em carro comum da saúde, nunca perde o bom humor animando aqueles que ele conduz ao destino.

Solidário com os doentes muitas vezes foi visto adentrando ao hospital sorridente e cumprimentando a todos. Mais que isso: visitando paciente nos quartos, levando alegria e esperança aos que ali se encontravam em busca de tratamento.

Pacientes terminais, às vezes, na última viagem de ida, cheios de esperança; e na volta com os dias escassos contados. E ele sempre os animando na confiança em Deus.

Tarefa difícil essa de lidar nesta hora com aqueles cuja saúde lhe escapa entre os dedos e os lábios só sabem murmurar tristeza e desalento, queixando-se de tudo.

Mas lá se encontra o motorista transformado em verdadeiro anjo da guarda zelando por aqueles que buscam socorro e remédio para suas dores.

Algumas vezes excede-se na velocidade por razões justas, pois afinal, o paciente tem pressa e precisa estar às sete horas em Campo Grande para ser atendido, se não perde a consulta.

Ainda assim, ele mantém-se sempre brincalhão, no posto de saúde, no hospital, desde o tempo da AVCC, ou andando na rua, dialogando com sua comunidade e o mundo.

Abana, acena, gesticula, fala, grita, critica, instiga. E sorri em alto e bom tom. Mesmo quando o preconceito da cor lhe acolhe, e o faz brincar ainda mais.

Por onde ele passa o som de suas palavras ditas em tom de brincadeira -- e que escondem verdades observadas por quem já rodou um bom pedaço de chão --, por vezes são desconcertantes. 

É impossível falar sobre ele e não emitir um juízo de valor que não envolva a sua singular disposição em ajudar.

Dedicado, solícito e prestimoso pode ser considerado um homem de raras habilidades e está sempre disposto a ajudar a quem precisa, dentro e fora de seu serviço.

Seus superiores podem até não concordar com seu jeito de ser, de falar e relacionar-se com os demais, mas uma coisa é certa: com ele sempre podem contar, mesmo para as tarefa mais difíceis.

O reconhecimento da comunidade pela sua dedicação pode ser medido pelas palavras de Fabiana Silva: (...) ele nunca fez somente o papel de motorista, ele sempre fez a acolhida do paciente, fez muito mais do que o papel exigia, fez o que o coração mandava.

E assim como tantos recorda: (...) quantas madrugadas, no inverno, após horas dirigindo para o destino, ao chegar ao hospital era ele quem descia do carro e ia pra fila pegar as senhas para os pacientes, enquanto nós podíamos descansar no quentinho do veículo mais umas duas horinhas antes do hospital abrir? Todas as vezes, é a resposta...

Os testemunhos são muitos e confirmam o tanto de seu desprendimento: (...) perdi as contas de quantas vezes ele estava lá nos dando força, nos visitando no quarto durante a aplicação do medicamento, foi minha força por muito tempo, confessam aqueles aos quais esteve ao lado nos momentos difíceis da vida.

Ao lado dos demais colegas motoristas, Paulo César da Silva, o popular Boca completa o quadro dos valorosos servidores da Saúde, grupo por vezes pouco valorizado e trabalho subestimado.

Nestes tempos de pandemia, nos seus 60 ano de idade, trata-se de um profissional humano cuja presteza laboral tem sido de natureza imprescindível ao funcionamento da máquina do serviço público.

Motivo de orgulho para a esposa, filhos e netos, e todos os que com ele convivem na comunidade e no trabalho. Felicidade saber que por suas mãos e presteza, medicamentos e vacinas são transportadas, pacientes e vidas são preservadas.

Razão pela qual é merecedor de nossas homenagens e agradecimento. Obrigado Paulo César da Silva, o nosso popular Boca.

Brasilândia-MS, 16 de maio de 2021.


Foto: Ambulance, iStock Getty Images; Facebook/Keyla Brito,2017.

Depoimento de Fabiana Silva recolhido em https://www.facebook.com/fabiana.silva.52056.


Um comentário:

  1. Com certeza amigo Carlito, o irmão Paulo, fez e faz a diferença, conhecido por Boca Preta, por não ter receio de falar a verdade na hora certa, as vezes extrapola, mas e irrelevante diante de seu conhecimento e liberdade de acesso a locais onde outros não conseguem adentrar, colocando pacientes no lugar certo na hora certa com muita facilidade e prazer em ajudar o próximo, ele é o mesmo desde o tempo que o conheci trabalhando na Debrasa,ao entrar no serviço público, como motorista de ambulância, tive por várias vezes estar com ele, em locais variados, campo grande, São José do Rio Preto e o entusiasmo e carinho com os pacientes tem um toque especial que realmente faz a diferença, Deus Ilumine seus paços amigo Paulo Boca Preta, e nunca mude sua maneira de ser, por isso e merecedor de tão importante homenagem, editada por um grade poeta e escritor de nosso estado.

    ResponderExcluir