quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

 

As andorinhas voltaram

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

E eis que da noite para o dia a cidade de Brasilândia/MS, amanhece coberta de aves. Pequenos passeriformes de beleza, elegância e agilidade inigualáveis. Além do ruído estridente, sobretudo a noite sobre as árvores, durante o dia provocam pinturas brancas no solo das ruas, casa, veículos e cabeça dos desavisados. 

A canção de Alcino Alves e Rossi eternizada por diversos cantores, entre eles o Trio Parada Dura, as Andorinhas, retrata bem esse clima de nostalgia e amor que a presença maciça desses pássaros representa para o imaginário popular. 

As andorinhas voltaram / E eu também voltei / Pousar no velho ninho / Que um dia aqui deixei. / Nós somos andorinhas / Que vão e que vem à procura de amor / E às vezes voltam cansadas ferida / machucada / Mas voltam pra casa / batendo suas asas / Com grande dor (...).

Só que nossas andorinhas azuis, que se encontram aqui, não voltaram em busca de amor e sim de sobrevivência. O amor e seus ninhos que menciona a canção ficou lá na América do Norte onde vivem e se reproduzem. Foi de lá que elas partiram em direção à América do Sul, numa longa viagem migratória de 8, até 20 mil quilômetros de distância. 

Tamanha façanha acontece todos os anos logo com a chegada do Inverno que castiga a região Norte do globo fazendo-as procurar temperaturas mais amenas e alimento. Aves insetívoras, cada uma delas necessita ingerir mil e quinhentos insetos por dia para desenvolverem-se, alcançando-os com o bico aberto, como se fosse um funil, em pleno voo. 

E lá estão elas perfiladas seguindo a rede de energia elétrica, cabos de antenas e lugares descobertos e ensolarados onde podem mais facilmente observar a movimentação de suas presas que vão desde mosquitos, moscas, cigarras, grilos, chegando algumas espécies a rondar grandes animais para pegar os parasitas que ficam sobre o pelo. 

No Brasil, as andorinhas que nos visitam anualmente caracterizam-se por serem aves de pequeno porte, com asas longas e pontiagudas, cauda, em geral, claramente bifurcada, bico e patas curtas. De modo geral seu colorido é azul-metálico ou pardacento no lado superior; a parte ventral de muitas espécies é branca ou, mais raramente, com ornatos avermelhados. 

Para se ter uma ideia, em apenas 20 dias uma família de andorinhas é capaz de consumir mais de 200 mil  insetos. Vale ressaltar que o emprego de inseticidas causa frequentemente a morte de muitas andorinhas, pois elas podem ingerir insetos envenenados, que de certa forma contribui para o declínio de sua espécie.

As andorinhas possuem um sentido de orientação tão aguçado que depois de voar centenas de quilômetros em migrações, conseguem voltar exatamente ao mesmo ninho. 

No final do mês de março, quando o Inverno acabar no Hemisfério Norte, as andorinhas deverão voltar em bandos barulhentos à sua região natal. Com este retorno elas anunciam para aqueles que não sucumbiram sob a neve, que a Primavera está chegando. 

Pássaros emblemáticos, segundo a lenda, as andorinhas removeram um a um os espinhos da coroa de Jesus Cristo quando ele foi crucificado, aliviando o seu sofrimento, e por isso são consideradas aves respeitadas. 

E lá vão elas retornando para reconstruir seus ninhos de amor com destemor e audácia, para quem lhes é reservado apenas oito anos de vida, e ainda assim, são capazes do feito heroico de dar oito voltas ao redor do mundo durante a sua vida. Por isso voem, andorinhas, voem, voem! E nos ensinem também a voar.

 

 

Fonte: https://www.infoescola.com/aves/andorinha/

Foto: https://meusanimais.com.br/a-lenda-das-andorinhas-e-os-espinhos-de-cristo/

Nenhum comentário:

Postar um comentário