Laços fora! Mato Grosso do Sul
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Não há muito tempo, sentíamos o maior orgulho em poder manifestar nossas cores partidárias. Agitar bandeiras e distribuir santinhos era uma atividade digna e revelava consciência política. Demonstrava, além da disposição em assumir nossas ideias, era o nosso jeito de revelar o patriotismo e acreditar na governança.
De quando em vez algum desencontro de torcida e conflitos naturais paridos no calor da disputa. Tal qual torcedores de futebol, ao se encontrarem, cada qual sempre querendo mostrar o quanto seu time era ou foi melhor que o outro na partida.
Terminado o confronto, e lá iam todos para o mesmo bar tomar uma cervejinha festejando a vitória ou amargando a derrota. Afinal, a vida continuava, assim como a amizade que, depois daquele acontecimento, às vezes saía ainda mais fortalecida.
Hoje, os tempos são outros. É como se um tsunami sombrio carregado de maldade e periculosidade tivesse caído sobre os ombros de antigos militantes. Não se olha mais nos olhos com a alma, sente-se medo de sair às ruas ou falar de política com o vizinho. Corre-se o risco de perder amizades e perceber que nossos gestos não são compreendido e respeitados, como manifestação livre de nossa consciência e direito de nos posicionar.
O que vemos agora não é mais aquela alegria de outrora, com agitos de bandeiras e caminhadas em mutirão, com distribuição de santinhos e conversas animadas pelas ruas e comitês partidários. Sob o domínio das redes sociais, os chamados cabos eleitorais, agora são arregimentados via WhatsApp e recebem pelos seus serviços, por demanda, através do aplicativo pix.
Esta atividade, de militância, tornou-se agora mera fonte de renda, sobretudo para a classe mais pobre que neste período eleitoral respira mais aliviada com o ganho de alguns trocados, migalhas de um fundo eleitoral de bilhões aprovado pelos deputados. E lá vão eles a cabreto, oferecendo em troca, sem qualquer fidelidade, os seus préstimos, seus contatos e veículos para adesivar, ainda que timidamente.
Neste ano, depois de um debatido 1º turno, motivado pela TV e os institutos de pesquisa, as eleições gerais chegaram ao 2º turno. Tal situação, sobretudo em Mato Grosso do Sul, colocou os cidadãos em geral numa encruzilhada. Sobretudo em relação à eleição para Governador. Digo isso pelo fato de os dois candidatos que concorrem - Riedel e Contar -, serem os representantes do candidato à reeleição, presidente Bolsonaro.
Em que pese estejam vinculados à siglas distintas, em 30 de outubro próximo, Riedel (PSDB-45) e Contar (PRTB-28) deverão bater os cascos (como se dizia no meu tempo de quartel) em continência ao Capitão Bolsonaro (PL-22).
Embora alguns setores ligados a campanha de Lula (PT-13) alimentasse a esperança de uma aliança com Riedel, este já afirmou apoio ao candidato Bolsonaro, a quem declara estar junto desde o início da corrida eleitoral.
Conforme já noticiado pelo jornal Correio do Estado, desde o primeiro turno, o diretório estadual do PSDB fechou apoio a Bolsonaro e, até o momento, mantém a mesma linha. Diferentemente da executiva nacional que, no primeiro turno, havia declarado apoio à candidata Simone Tebet (MDB).
Já em relação ao 2º turno, a executiva nacional do PSDB divulgou que havia liberado os diretórios estaduais e filiados para as eleições presidenciais. Ou seja, em âmbito nacional o partido não escolheu nenhum lado e os estados estavam livres para tomar qualquer decisão.
Da mesma forma a executiva estadual do PT colocou o abacaxi na mão dos filiados liberando-os para votar livremente em quem bem entendesse.
Em outras palavras, isso quer dizer que o eleitor em Mato Grosso do Sul não terá muito o que escolher. Aquele que deverá ocupar o Palácio Guaicuru deverá ser, por afinidade, necessariamente um súdito de Bolsonaro.
Se isso representa vantagem para aqueles que esperam que o Estado repita o mesmo número de votos que o chamado Mito alcançou no 1º turno (52,70%), somente as urnas no dia 30 de outubro poderão revelar.
Enquanto o Mato Grosso do Sul corre risco de ficar isolado na
caserna pantaneira, de sorte contrária, a esperança é redobrar as forças em
torno do candidato Lula, único nome disponível para ocupar a Presidência da República que representa o laços fora! ao aniversariante neste 11 de outubro, em face do nefasto regime que emana do Planalto. E garantir o soerguimento
de um país em desmonte cuja armadilha de um impeachment aprisionou e calou os brasileiros por
6 anos.
Brasilândia/MS, 11 de outubro de 2022.
Dia do aniversário da Divisão do Estado de Mato Grosso.
Foto: Nelson Cruz. A cadeira do rei. Petrópolis, 2020. In Esconderijos do tempo. Cristiane Rogério, 14.Out.2021. O que se fez pelo poder no Brasil.
Fonte: Correio do Estado. https://correiodoestado.com.br/politica/e-falsa-imagem-de-whatsapp-que-associa-riedel-a-lula/405693
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