sábado, 3 de dezembro de 2022

 

A saudosa Escola Agrícola e seus Professores
Carlos Alberto dos Santos Dutra



Primeiro, foram as paredes do barracão onde o lugar, lá pelo ano 2000, viu crescer um primeiro e único lote de suínos zelado pelos alunos daquele educandário; depois, foi a vez do silo de metal para a ração que servia ao projeto de suinocultura implantado na escola; e por último, mais recentemente, as mangueiras, tesouras e bretes que deram apoio às aulas de zootecnia em outros tempos, um a um foram sendo retirados da antiga Escola Agrícola Julião Maia, de saudosa e venturosa lembrança, e doado para entidades. 

Na verdade este artigo redigido em 18 de abril de 2013, ficou escondido pelas dobras do tempo um bom bocado entre meus guardados, num amarelado papel escrito à mão, e que agora é retomado, saltando para as teclas do computador, coisa que ainda não existia naqueles anos dourados.

Falava eu, portanto, sobre o rendimento desta instituição pioneira, cujos méritos de seu êxito se sobressaía pelo coletivo, pelo espírito de equipe e o somatório do esforço de todos que ali trabalhavam, em especial o seu corpo técnico.

Na Escola Agrícola, o esforço começara desde a primeira Diretoria, professora Barta, o corpo docente e entre os funcionários a secretária Raquel que, a partir de março de 1997 deram asas ao sonho do então chefe do Executivo local, prefeita Marilza, que acabou por concretizar o que havia sido escrito lá atrás, através da Lei 507/88, de 1º de julho de 1988, uma aspiração alimentada há 10 anos pelos brasilandenses: a criação de uma Escola que fosse o retrato da realidade e da vocação da região -- a agricultura e a pecuária.

A bela Escola funcionava da 5ª à 8ª série com pré-qualificação em Agropecuária e tinha como objetivo fornecer aos alunos com vocação para a agricultura e pecuária, conhecimentos técnicos e científicos através de disciplinas teóricas e atividades práticas que os habilitasse ao grau de Monitores em Agropecuária. 

A partir deste marco pioneiro, tendo à frente, depois, a diretora Rosemeire, os avanços na estrutura técnica e pedagógica deste educandário eram cada vez mais visíveis. Contava com 55 alunos com idade entre 10 e 16 anos vindos da cidade, sítios e fazendas, funcionando em regime de internato e semi-internato, tendo como órgão mantenedor integralmente a Prefeitura Municipal de Brasilândia.

O mérito dos avanços conseguidos pelo corpo docente e funcionários pode ser creditado à Escola como um todo: foram verdadeiros desbravadores da cultura e do conhecimento. Ali eram ministradas as disciplinas de Português, pela Prof.ª Rosemeire Ferreira; Matemática, pela Prof.ª Lucilene Cardoso; Ciências e Programa de Saúde, pela Prof.ª Célia Ambrósio; Inglês, pela Prof.ª Luciana Cardoso; História, pela Prof.ª Vilma Galli; Geografia, pelo Prof. Sérgio Júnior; Educação Artística, pela Prof.ª Luciana Cardoso; Educação Física, pela Prof.ª Zenaide Brito; Ensino Religioso, pelo Prof. Carlito Dutra; Práticas Zootécnicas, pelo Prof. Silvio Santin; Práticas Agrícolas, pelo Prof. Deolir Schio. Constando ainda do currículo as disciplinas de Indústrias Rurais e Economia Rural, onde o Prof. engenheiro Édson Okamoto era o grande parceiro.

Hoje, à distância, e que, aliás, nos faz ver melhor o passado, há de se lembrar com saudade a dedicação dos funcionários Adriano, Beto, Eugênia, Juliana, Lúcia, Maria de Jesus, Ailton Paraíba, Dirce, Francisco, Júlio, Magno, Soraia, Eliseu, Ivanildo, Lindinalva, Márcio e Zilda. Além da Secretária Administrativa, Vivian Delalíbera; o Diretor de Departamento Técnico, Jorge Luiz da Silva; a Coordenadora Pedagógica, Maria Marta Fonseca; a Diretora da Escola, Rosemeire Otaviano; a Secretária de Educação Prof.ª Célia Tech e o Secretário de Agricultura, Gilberto Silva.

Uma homenagem em particular, entretanto, por ser meritória e desinteressada, é necessário destacar. Há de se lembrar a presença de um técnico agrícola de atuação exemplar. Profissional e cidadão dedicado ao extremo, sempre empenhado em fazer sempre o melhor, dava tudo de si para o crescimento dessa Escola Agrícola. Ah! Como era extremamente prazeroso sentar à mesa com ele, para uma reunião técnica, e discutir projetos e iniciativas para o trabalho teórico e prático da Escola.

Deolir Felipe Schio é o nome deste jovem professor. E lá o encontramos no vigor de suas potencialidades intelectuais, com zelo e disciplina em sala de aula, incentivando os alunos para a prática da olericultura, horticultura e fruticultura. Corria um sábado e lá o encontrávamos, sacrificando o lazer de sua família, para estar instalando micro aspersores para a irrigação da horta de plantas medicinais, uma pérola de iniciativa. Ou então lá estava ele ensaiando com os alunos a instalação de caixas de mel sobre reboque do trator para o desfile de aniversário da cidade, sempre sorridente e otimista com a Escola que no seu auge chegou a produzir 400 suínos em confinamento (e vendê-los), chegando a produzir também mudas de café que eram distribuídas aos produtores locais.

As palavras faltam ao escrevinhador quando parece ter ouvido ao longe os acenos e os gritos dos peraltas e criativos alunos que hoje já são homens e mulheres feitos; alguns deles até já partiram do nosso meio, mas seus sorrisos ficaram: Anderson Florentino, Anderson Rodrigues, Andressa, André, Anilton, Caio, Cassio, Cristenes, Cristiano, Diego, Diogo, Denis, Orestes, Patrocínio, Paula, Natália, Michael, Rodolfo, Rodrigo, Saulo, Edinei, Emerson Francisco, Tiago do Vale, Tiago Rodrigues, Emerson Telles, Fernanda, Jackson, Leandro, Luiz Antônio, todos da 5ª série.

Depois, os mais crescidos alunos da 6ª série, turma de 1998: Anderson, Ailton, Aparecido, Carlos André, Cleber Aparecido, Cleber Oliveira, Danilo, Dione, Eduardo, Fagner, Givanildo, João José, José, Marcos, Moisés, Marlene, Pâmela, Patrícia, Rui, Samir, Thiago e Uékson. Entre tantos que por aqui passaram, que aprenderam e também ensinaram. Com certeza, este escrevinhador e meu amigo Caco, têm muito de se orgulhar.

O tempo pode ruir suas paredes, saudosa Escola Agrícola Julião de Lima Maia, mas a tua aura, nos brinda na saudade o melhor presente que poderíamos ofertar aos nossos filhos e netos: saber que pelos meandros da história muitos feitos pela Educação Rural e cidadania por aqui foram realizados. Parabéns saudosa Escola Agrícola!


Fonte: Mais histórias sobre a Escola Agrícola Julião de Lima Maia cf. DUTRA, C.A.S. História e Memória de Brasilândia/MS, Volume 3-Cidadania, página 385-395

Cf também o vídeo 

https://youtu.be/QyS_vNvIvqU
 








 

Nenhum comentário:

Postar um comentário