Dona Ana, do seu Raimundo, faz 91 anos
Falar sobre dona Ana
é como falar de uma flor. Todos a contemplam e admiram sua cor, sua beleza e esplendor,
sobretudo quando exala seu perfume e sorriso agradáveis que ganham distâncias.
Uma flor pode ter muitos
nomes. Porém, não fosse a fidelidade e persistência de quem a cultivou, ela não
resistiria a ação do tempo.
E assim, nossa linda
flor, ano após ano, sendo cultivada e zelada por mãos de fada, com paciência e
destemor de uma jovem mulher, ela permanece entre os seus até hoje.
Depois de deixar para
trás suas raízes e o sol escaldante do Ceará e unir-se ao amor de sua vida, Raimundo
Pedro de Souza, da região do Crato, aquerenciou-se por estas terras, na Fazenda
Pinheiro. Era o ano de 1955.
Os 19 anos que o
casal ali permaneceu foi o tempo necessário para que dona Ana pudesse
ver crescer os 15 filhos, dos 16 que Deus lhe deu.
A história desta
mulher, entretanto, só depois, quando o casal deixou a zona rural, em 1976, e
passou a morar na cidade, é que sua trajetória pode ser melhor entendida,
admirada e reconhecida.
Foi quando todos, em
especial os filhos que foram se tornando adultos, puderam ver com os olhos do
coração o quão valorosa fora aquela valente senhora que os criou.
Que mulher! Que
heroína! Viver naqueles tempos. Superar as dificuldades, as doenças e as
privações numa época onde a distância era o maior obstáculo ao conhecimento e à
sobrevivência. E sempre em silêncio.
E lá estavam os
filhos: João, José, Erotides, Fátima, Antônia, Adelaide, Josualdo, Antônio,
Teresinha, Ilda, Clodoaldo, Francisco, Melchior, Conceição, Walderley, um a
um, vendo aquela matriarca guerreira driblando a sorte na mantença do lar,
zelando sempre pelos valores da fé e os costumes da família.
Pequenos milagres
diários, como acariciar o filho com uma mão e preparar o alimento com a outra.
Tantas bocas, tantas carências, tudo suplantado pelo amor de uma mãe. Coser o
agasalho, providenciar o remédio, secar as lágrimas, não perder a esperança...
Logo os mais velhos
já começaram a trabalhar e lá estava a mãe, com uma pontinha de vaidade vendo-os
tomar rumo na vida, confiante no sucesso de seus rebentos, incentivando-os a
cada instante.
Filhos, pelos quais
sempre zelou e primou pela reta formação, o temor a Deus e o respeito à família.
Exemplo como nunca se viu. Sob a vigilância permanente do patriarca, a família
se manteve firme numa fé inabalável como devotos de Padre Cícero e da Virgem Maria
Nossa Senhora.
Hoje o dia nos envolve a
todos com o perfume dessa flor e de várias outras flores e aromas que se
achegam com o tempo até ela. Porque dona Ana, completa hoje 91 anos
e, em meio a sua completa felicidade, ainda abre espaço no seu coração para acolher,
além dos filhos, seus netos, bisnetos e tataranetos.
Ainda mais: genros,
noras, cunhados, sobrinhos, afilhados, vizinhos, amigos, comadres de reza e de
fé no círculo bíblico, manifestando sempre respeito e acolhimento, dedicando a
todos especial carinho e atenção.
E sorri. Ah! Esse
sorriso que irradia luz na brandura de seus gestos, comedidos, singelos, mas
sempre espontâneos, elegantes e generosos.
E lá vai donAna
ao lado de suas filhas mais velhas, confundindo-se com elas, insistindo em se ocupar nos afazeres da casa. Porque ela nunca perdeu o hábito e o tino para a lida,
mesmo depois que a saúde ameaçou roubar-lhe as forças e afastá-la do cotidiano.
Ela nunca foi uma mulher de desistir.
E ela estava lá, com
sua bengala, um sorriso maroto e olhos muito atentos, concentrada, ensaiando
novos passos, apontando rumos, mostrando o quanto permanece forte, decidida e
independente.
Quando ia à Igreja,
receber a santa comunhão, aquilo era sagrado. Depois, pelas mãos de uma
ministra, permaneceu sempre em comunhão com sua Fé. No ano que passou, o próprio Cristo
consagrado foi à sua casa lhe fazer companhia pelas mãos do sacerdote, padre
Fábio, que celebrou missa de ação de graça no seio de sua família, na companhia do diácono Carlito.
É essa força do Alto que
mantém forte e com o vigor essa valorosa mulher. É essa força celeste que
demonstra quando se dedica ao bordado criando peças lindas destinadas à Canção
Nova. Ou quando brinca com o fuso manejando-o com habilidade, cardando a lã,
fazendo renascer a vida, demonstrando que não esqueceu o que aprendeu com seus
pais, numa arte cada vez mais rara.
Essa é a dona Ana
que hoje aniversaria
e que enche a todos de alegria. Motivo de bênção para toda essa grande família,
que só tem a agradecer a Deus pela sua vida, pela sua alegria, e pelo carinho
que sempre dedicou de forma generosa a todos que bateram à sua porta. ‘Dos que
me deste, Senhor, nenhum se perdeu’.
Dona Ana já
não é mais uma flor: é a mãe jardineira de um amplo jardim, onde os corredores sempre
floridos, são seus braços, sempre abertos, muito vivos, verdadeiros, francos, cheios
de amor para nos acolher e nos abraçar. Obrigado dona Ana.
Feliz Aniversário
dona Ana. Amamos você.
Brasilândia/MS,
31 de dezembro de 2023.
Parabéns essa mulher tem realmente uma linda história. Amo essa família.
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