segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 

Missa, Missão, Missionários


Onde encontrá-los, além das páginas dos livros? Na memória dos mais antigos, pelos fundões desta terra?

Desgastados pelo tempo, de sandálias, em montaria, sim lá estavam as famosas desobrigas que semearam esperança, confiança numa igreja que crescia, desde o coração das gentes, das famílias de fé latente. 

Joelhos dobrados, sinal em cruz e o rosário; os pequenos santuários domésticos montados no interior das casas, desde a mais simples até a sede das fazendas, sítios e povoados que fizeram surgir as capelas e as primeiras comunidades. 

Foram eles, os missionários e missionárias que abriam caminhos no tempo, na história e em nossos corações. 

Sim, já faz tempo, já faz tempo.

Mas a lição não foi esquecida. E paciente a pedagogia aprendida alastrou-se pelos anos ao longo das estradas, pelas vilas e cidades. 

E lá estavam os Cruzeiros erigidos ao lado das capelas, pelas primeiras comunidades construídas, cedendo espaço e vigor para o soerguimento da fé irradiando luz ao seu redor. 

E eles estavam lá, agora motorizados, pois, afinal, a era das distâncias e os tempos mais difíceis haviam ficado para trás.

E cada comunidade reunida, se sentiu valorizada e incentivada pelo missionário, ao redor dos pequenos altares, celebrando a santa missa, coroando a caminhada, a resistência e a fé de um povo. 

O surgimento das capelas, espaço maior das comunidades, aos poucos fê-los unirem-se em torno da Palavra e da Santa Eucaristia. Não haveria alegria maior para os missionários ao deixá-los na partida saber que iriam prosseguir. 

No passado um dos primeiros missionários que por estas terras de Brasilândia missionou foi o padre itinerante João Tomes: visitou fazendas, batizou e oficiou casamentos, desde a Xavantina antiga até os varjões de Cisalpina, promovendo a presença da Igreja por aqui, culminando com a celebração da primeira missa campal que consubstancia o marco de fundação do município em 21 de abril de 1957. 

Hoje, Brasilândia se alegra e festeja. Como nos velhos tempos das irmãs Missionárias de Jesus Crucificado que permaneceram por aqui 10 anos missionando como vigárias paroquiais, temos a graça de receber missionários com a mesma missão de outrora: fomentar a presença do Cristo vivo e alargar os horizontes da fé. 

Não uma fé isolada no tempo e no espaço, afinal vivemos realidades novas, em contato com a diversidade do mundo atual. E isso é possível perceber no rosto dos novos agentes da Messe: cheios do vigor da juventude eles novamente pisam esta terra para transformá-la. 

Verdadeiros discípulos de um Cristo atual, que fala linguagem da vida e busca responder às exigências do tempo em que vivemos, as Missões Populares em Brasilândia são sinal e exemplo de desprendimento e redimensionamento da fé, dando oportunidade a todos de manifestar gestos de acolhida à essas pessoas dedicadas, anunciadores da Palavra e que chegam até os nossos lares para nos abençoar. 

Que esta Missa de envio semeie no coração de todos, tanto dos que irão acolher, como dos que serão acolhidos, a generosidade e a alegria de poderem caminhar juntos e dar as mãos aos irmãos na fé desta Igreja em saída, como nos pede o Papa Francisco. 

Sede bem-vindos irmãs e irmãos missionários. A Paróquia Cristo Bom Pastor e suas comunidades os saúdam e os acolhem em Cristo. Amém.

 

Foto: Lucas Nantes/Facebook

Brasilândia-MS, 11 de dezembro de 2022.

Diác. Carlito Dutra.

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