sábado, 24 de dezembro de 2022

 

Celebração da Véspera do Natal

Carlos Alberto dos Santos Dutra









Hoje é a celebração da Véspera do Natal. Noite de graça e contentamento, pela chegada de uma das datas mais marcantes na vida do mundo inteiro. E a liturgia católica desta noite nos fala de um Deus que ama a humanidade e se preocupa com ela. Ele não deixa seus filhos perdidos e abandonados. Não os deixa percorrer caminhos de sofrimento e de morte.


Ele envia um Menino para falar com o seu povo e lhes apresentar uma proposta de vida e de liberdade.

Que maravilha. Esse Menino será a LUZ para o povo que andava nas trevas


Mas quem é esse menino?


A primeira leitura (Is 9,1-6) anuncia a chegada deste Menino. Ele vem da descendência de David. Um Menino que é dom de Deus e vem para eliminar a guerra, o ódio, o sofrimento. Um Menino que vem para inaugurar um tempo de alegria, de felicidade e de paz sem fim.


O Evangelho nos mostra a realização de uma promessa profética: Jesus, o Menino de Belém, é o Deus verdadeiro. O Deus que vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a Salvação. O Deus dos pobres e marginalizados que traz entre as palhinhas do presépio uma proposta para cada um de nós. Cheio de graça, igual ao sorriso de uma criança, Ele se aconchega, inocente em nossos corações. Não quer se impor pela força. Sua proposta é de paz. Ele se oferece com a ternura de uma criança, frágil e que inspira amor.


A segunda leitura nos mostra como podemos viver este Natal e o que devemos fazer para ter e viver uma vida autêntica e comprometida com esse Deus menino que nasce nesta noite. Deus nos ama verdadeiramente, a ponto de se colocar no meio de nós para nos dizer que este mundo não é a nossa morada permanente. O menino inocente nos diz que os valores deste mundo são passageiros.


Só o amor e a ternura deste Menino são capazes de nos transformar a ponto de nos comprometermos com o projeto de salvação que Ele nos traz. Portanto, é Jesus, o Menino de Belém, que dá sentido pleno a nossa vida. Ele é aquele que veio de Deus para vencer as trevas e as sombras da morte. O nascimento de Jesus que celebramos esta noite significa que, efetivamente, este 'Reino' chegou e incarnou no meio dos homens. Acolher Jesus, celebrar o seu nascimento, é aceitar esse projeto de justiça e de paz que Ele veio trazer aos homens.


Mas será que isso é realidade? Temos nos esforçados para que isso seja uma realidade? Como lidamos com a injustiça, a opressão, a guerra, a violência: com a indiferença? Isso nos diz respeito? Ou eu não tenho nada com isso? Em que coloco a minha esperança? Em quem tenho colocado a minha segurança?


Observemos o jeito de Deus. Como Ele age? Ele não se serve da força e do poder para intervir na história e para mudar o mundo. É nós que movemos o mundo. Nós movemos o mundo, mantemos nossa família, exercemos nossas atividades, trabalho e relações na sociedade, não pelas nossas forças e vontade. Mas, sim, através de um 'Menino' – símbolo máximo da fragilidade e da dependência. É isso que Deus propõe aos homens para colocar em prática projeto de salvação.


Será que temos consciência de que é na simplicidade e na humildade que Deus age no mundo?


No Evangelho (Lc 2,1-14) Deus nos fala que este menino de Belém, é Ele que nos leva a contemplar o incrível amor de Deus. Devemos, pois, abrandar nossos corações e confiar, que Deus se preocupa até ao extremo com as nossas vidas e a nossa felicidade. A ponto de enviar o próprio Filho ao mundo para que conheçam o caminho. O caminho que ele nos aponta e que nos leva à salvação e a libertação.


O menino no presépio é esse grito radical de amor por nós. O presépio é próprio lógica do amor de Deus. Diferente da lógica dos homensA salvação de Deus não se manifesta nos encontros internacionais onde os donos do mundo decidem o destino dos homens, nem nos gabinetes ministeriais, nem nos conselhos de administração das empresas, nem nos salões onde se concentram as estrelas e os nossos ídolos.


A salvação de Deus se manifesta, hoje, nesta noite, para o mundo inteiro, numa gruta de pastores onde brilha a fragilidade, a dependência, a ternura, a simplicidade de um bebé recém-nascido. Qual é a lógica com que abordamos o mundo? A lógica de Deus, do amor e acolhimento; ou a lógica dos homens, das disputas e divisões?


A Boa Notícia que os anjos e os pastores nos trazem deve encher de felicidade a todos que se fazem pobres e humildes, que depositam sua confiança em Deus, o Deus verdadeiro que nos ama. Será que é essa a proposta que nós, os seguidores de Jesus, passamos ao mundo? Nós, Igreja, não estaremos demasiado ocupados a discutir questões laterais, de estruturas, esquecendo o essencial, o que vai no coração, o anúncio libertador aos pobres?


O Jesus menino que nasce – que quer trazer justiça, amor, fraternidade e paz ao mundo --, já nasceu. Ele está presente em cada um de nós, nas nossas famílias, nas nossas casas, nas igrejas e nas praças.


E Ele está à espera de nossa decisão e nosso gesto concreto de tomá-lo nos braços, como a uma criança, e deixar-se levar por Ele, através de suas Palavras e seu Exemplo. Feliz Natal Comunidade de Brasilândia!


Brasilândia/MS, 24 de dezembro de 2022.

 

Foto:

Presépioem que mãe descansa comove Papa: "Quantos de vocês têm que dividir a noitepelo bebê que chora?" - Revista Crescer | Curiosidades (globo.com)

Fonte:

Missa da meia-noite de Natal - Ano A - Dehonianos

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