Santa Rita do Pardo e a Saudade
Carlos Alberto dos
Santos Dutra
Dia 18 de dezembro, Santa Rita do Pardo comemora o aniversário de sua criação como município, ocorrido há 34 anos, no ano de 1987. Dedicamos, portanto, nossas homenagens àquela que, antes de ser filha de Brasilândia, como distrito, também foi sua mãe na história e no tempo.
Antes de Brasilândia existir, já foi dito, havia somente o distrito de Xavantina, hoje a próspera Santa Rita do Pardo, emancipada oficialmente em 1º de janeiro de 1989. E os homens que a construíram, na verdade, muito pouco foram brasilandenses.
Mantiveram o status de distrito, inicialmente de Três Lagoas e, depois, de Brasilândia, mas sempre alimentaram uma imensa força e sede de liberdade e autonomia: o desejo de se tornar cidade.
Distante da sede do município de Brasilândia, a Xavantina antiga buscou muito cedo o seu rumo e horizonte, forjando seus próprios líderes a partir de suas raízes, sonhos e potencialidades.
Contar a história de Santa Rita do Pardo é tarefa para os historiadores daquela urbe, do quilate de José Ferreira de Matos, professor Archanjo dos Santos, e outros do naipe da professora Eledir Barcelos, entre tantos mestres e telúricos do lugar.
Aqui nos cabe somente o singelo registro de lembrar alguns nomes que foram notícia na imprensa brasilandense (Jornal de Brasilândia e as primeiras edições do Jornal da Cidade) que fizeram menção ao nome de alguns dos filhos mais ilustres da antiga Xavantina, aos quais rendemos nossas homenagens.
Entre os nomes ilustres daquela comuna, há de se citar João Morais, popular Cherai, falecido no dia 22 de fevereiro de 1997 e que era morador de Santa Rita do Pardo desde 1979. Segundo consta ele trabalhava como lavrador onde conseguiu fazer várias amizades pelo seu jeito de ser amável com seus semelhantes (...), sendo um homem que sempre estava à disposição daqueles que dele necessitassem. Ao partir ele deixou à época, a esposa, ex-vereadora santa-ritense Sr.ª Floriza Francisca Alves que também tem sua história numa Santa Rita ainda de poucos fogões.
Outro nome que retumba na memória da antiga Xavantina é da Sr.ª Rita Vicente Ferreira, carinhosamente conhecida por Rita Morena, nascida em 10 de agosto de 1906 e falecida em 23 de março de 2002, que mereceu de nossa parte um pequeno poema que aqui reproduzimos:
Santa Rita Morena
Mãe de uma dezena de
filhos
Curvada pela idade,
Lá está ela
A reger a sinfonia de
um século
Para uma legião de
almas
A partir de sua
humilde morada.
O bastão que carrega
O gesto em desalinho,
E a vontade de viver
Comove a todos por
onde passa.
A casa, cheia de
amigos,
E fartura de
alimento.
Gente de todas as
partes
Aprendem com ela a
sorrir
E dividir
simplicidade
Na generosa alegria
do encontro
Eucaristia confirmada
Em uma fé messiânica.
Em meio ao rito
litúrgico,
Preocupada
catequista,
Lá está ela a ensinar
O sinal da cruz às
crianças.
Na procissão,
Em direção à
capelinha
Localizada poucos
metros da casa,
A mãe matriarca
É a última da fila,
A tocar o rebanho.
Num gesto simbólico
De louvor e fé,
É a própria história
Que se ergue inteira
Dos braços de quem
Soube muito bem
construir.
Lúcida nonagenária,
Sob as marcas do
tempo,
Lá está ela a rezar
Pelo seu povo,
Pelos caminhos do
Pardo.
Reze por nós, Santa Rita Morena!
Consta que Rita Morena possuía uma capelinha no sitio Santo Antônio, que nos tempos idos era chamado de sitio Olho D’água. Ali sempre organizou suas festas religiosas e beneméritas, sempre prestigiada pela população local que transformou o evento num marco cultural desde a antiga Xavantina até os dias em que ela viveu, e é rememorado pela cidade de Santa Rita do Pardo.
No dia em que é comemorado a fundação do município de Santa Rita do Pardo, as nossas homenagens a todos os valorosos fundadores e construtores desta urbe.
Brasilândia/MS, 17 de
dezembro de 2022.
Fotos: Arquivo José Ferreira de Matos, Lauri Vital Bósio, 1998.
Fonte: DUTRA, C.A.S. História e Memória de Brasilândia, Vol. 1-Pioneiros, Pág. 66-7
Esta e outras riquezas da região estão disponíveis
para download em PDF em: https://www.dropbox.com/s/8lm3urpuw5s36kh/Hist%C3%B3ria%20e%20Mem%C3%B3ria%20de%20Brasil%C3%A2ndia-MS%20V1-Pioneiros.pdf?dl=0
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