sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

 

Seu Didi, Raimundo Farias de Souza

Carlos Alberto dos Santos Dutra




Raimundo Farias de Souza, conhecido como Didi, mas que também era chamado por Cabra Veio nasceu na cidade de Ipu, no Ceará, no dia 1º de janeiro de 1918 e era casado com Maria Tetina Farias de Oliveira, natural de Sobral, também no Ceará. 

Juntos tiveram 22 filhos, sendo que 15 deles nasceram em Panorama/SP onde a família fixou residência a partir do ano de 1954. 

Nos primeiros anos vivendo as margens do rio Paraná dedicou-se exclusivamente da pesca até os anos 1970, passando, depois a exercer a fabricação de rapaduras em um engenho no sitio em que residia na margem direita do rio Paraná, no km 2, do Porto João André. 

O memorialista de Panorama, João Batista Marques lembra que o Cabra Veio conseguiu fazer vingar 19 dos 22 filhos que teve com a esposa. Registra que quatro filhos são formados em Direito, sendo dois delegados de polícia e dois advogados. Os demais exercem profissões variadas, sendo que um deles foi vereador em Brasilândia (Francisco Elmiro de Souza, popular Chiquinho, que exerceu mandato de 1977 a 1983). 

Seu Didi faleceu no dia 22 de janeiro de 2007, aos 89 anos de idade. Sua esposa, Maria Tetina Farias de Oliveira, havia falecido nove anos antes, em 13 de julho de1997, aos 71 anos de idade. 

Pessoas antigas, do naipe do senhor Didi, sempre têm histórias interessantes para contar. Uma delas aconteceu no dia 21 de abril de 1961 quando o então servidor da SUCAM, João Batista Marques foi, pela primeira vez, no sítio, ali no km três do Mato Grosso. 

Ele foi recebido pela família com honras de chefe de estado, e estava ali, tomando garapa e jogando conversa fora. Didi contou, então, as agruras das secas que assolaram o Ceará na época quando ele ainda era meninote. 

Falou que o pai dele foi um cabra macho que na época da seca braba mesmo, o velho sustentou onze famílias de parentes e agregados. Disse que o velho tinha um cômodo enorme na casa. E depois de fazer uma pausa, deu um tempo para dar um suspense no que iria dizer e completou: tinha um cômodo lotadinho de farinha de mandioca. E isso era o principal, o restante, os cabras’ se ajeitavam. 

João Batista lembra que este dia foi a sua primeira pescaria nas lagoas de Mato Grosso. Didi me levou até a lagoa, me entregou seu melhor bote e disse que ali eu seria sempre bem-vindo. Bastava que eu passasse em seu rancho para avisar que estava indo para a lagoa, que era para eles da casa ficarem sabendo da minha presença ali (...). 

Salve seu Didi, orgulho dos rebentos e família que marcaram a memória desses tempos, dos pioneiros da saudade de Panorama, Brasilândia e região.


Foto 1: Seu Didi (Raimundo Farias de Souza), esposa dona Tetina e uma filha na Balsa do Porto João André vendo-se ao fundo o ônibus da empresa São Paulo-Mato Grosso em 1961. (Foto: Arquivo João Batista Marques)

Foto: 2-3-4: Raimundo Farias de Souza, esposa e filhos (Fotos cortesia da filha Maria José Farias).

Foto 4: Raimundo Farias de Souza, ladeado pelos irmãos Felix (E) e Totó (D). (Foto Arquivo João Batista Marques).  

Fonte: História e Memória de Brasilândia/MS, Vol. 1-Pioneiros, pág. 236. Disponível em https://www.dropbox.com/s/8lm3urpuw5s36kh/Hist%C3%B3ria%20e%20Mem%C3%B3ria%20de%20Brasil%C3%A2ndia-MS%20V1-Pioneiros.pdf?dl=0 para download em PDF.


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